Julia tinha 28 anos, morava
sozinha em Porto Alegre, Rio Grande do Sul e estudava letras em uma universidade. Era homossexual assumida
e um dos motivos de morar sozinha foi se assumir para a família, sua mãe não
aceitava que Julia levasse as namoradas para passar a noite em sua casa, então
comprou com o pai um apartamento onde poderia ter mais liberdade. Julia já era
assumida há alguns anos e não tinha vergonha de sua orientação sexual, era uma
menina esguia de cabelos loiros lisos de grandes olhos azuis com um sorriso
muito alegre e simpático. Na infância tivera sua primeira namorada Daniela, mas
quando os pais delas descobriram separaram as meninas, apesar disso, elas
continuavam se comunicando e namoravam escondidas.
Dois anos depois conhecera Rubi sua
professora de Língua portuguesa e Literatura Brasileira, com quem namorara por
dois anos letivos, mas foram descobertas, a escola demitiu Rubi, expulsou Julia
e uma nunca mais soube outra, não foi por falta de busca de ambas as
partes, mas não tiveram sucesso. Agora
Julia estava voltando para a faculdade. As férias haviam sido muito boas, mas
estava com saudades dos colegas e professores e com certa esperança neste
semestre, pois teria outra professora de Português e literatura, pelo que vira
no horário, seu nome também era Rubi.
Era primeiro dia de aula do
terceiro ano da faculdade, ela estava conversando com os amigos após suas
longas férias, contando as novidades, rolos e tudo o mais quando ela foi
surpreendida pela mais bela visão. Era uma mulher muito alta, com um corpo
escultural cabelos ruivos cacheados, um andar delicado, com um sorriso no rosto
e olhos muito claros, parecia estar deslizando por uma passarela, quando Julia
foi olhar de novo para aquela aparição divina ,ela simplesmente havia
desaparecido, Julia estava bem acostumada com estas aparições relâmpago das pessoas
no campus, mas esperava que desta vez fosse diferente.
- Julia tu viste aquela mulher que passou? -
Perguntou Roberta – Que linda não?
- Ai Beta nem fala, quase
perdi o ar agora, só de ver e acho que a conheço de algum lugar, mas ainda não
estou certa, espero que seja quem estou pensando, então, finalmente minha busca
terá acabado.
Subiram para a sala de aula
e encontraram o professor de Inglês esperando pela turma.
“Ainda bem que é primeiro
dia de aula hoje, não tem nada importante, posso fingir que estou prestando
atenção e pensar naquela Deusa grega, com a beleza de Afrodite, à vontade”.
Pensou Julia com um sorriso sonhador no rosto o que chamou a atenção de seu
colega Felipe, Julia não o suportava, ele ficava assediando-a o tempo todo e
por mais que ela pedisse para ele parar simplesmente continuava.
- Então Ju, que sorriso bobo
é esse? Pensando em mim?
- Nada a ver né Lipe, tu
sabes muito bem que não faz meu tipo, e tenho muito mais em que pensar, estou
pensando, numa proposta de emprego que me fizeram, vou ser entrevistada amanhã.
- Sei, sei! Boa sorte então
– disse Felipe desconfiado, tinha certeza que não era a respeito de proposta de
emprego coisa nenhuma, mas, preferiu ficar quieto, um dia ele ainda faria Julia
mudar de idéia quanto a sua orientação sexual e iria correndo pra ele.
- Obrigada Lipe – Idiota
este cara, não agüento mais ele em cima de mim o tempo todo, tenho que me
lembrar de confirmar essa história amanhã, ainda bem que minha memória é boa,
se não, daqui a cinco minutos eu já teria esquecido. – Pensou Julia irritada,
mas logo a imagem da bela ruiva reapareceu em sua mente.
Finalmente depois de muita
enrolação do professor, eles foram liberados no intervalo, pois no segundo
período não teria aula, a professora havia faltado. Julia conhecia muito bem
esta professora ela sempre falhava. Então pegou seu MP4 e foi até a parada do
ônibus. “Espero que chegue logo, não estou nem um pouco a fim de ficar
esperando horas o ônibus.”
Chegou em casa e foi jantar,
não conseguiu sentir o gosto de nada,só conseguia ver o rosto da estranha na
sua frente. Só tinha um pensamento, será que era ela? Seu grande amor do
passado cuja separação fora iminente?
Sentou-se em frente a
escrivaninha, colocou uma música ambiente em seu computador e foi fazer o que mais amava, puxou o caderno
sem linhas e se concentrou no romance que estava escrevendo. Um romance que
contava a história de duas almas gêmeas que se reencontravam por muitas vidas.
Escreveu algumas páginas e foi tentar dormir com o mp4 no ouvido. Estava muito
calor aquela noite, foi tomar um banho para se refrescar e tentar dormir
novamente.
-Pelos Deuses, já são mais
de meia noite, e eu não consigo dormir, preciso realmente acordar cedo de
manhã.
Quando viu que não iria
conseguir dormir, levantou-se da cama, acendeu uma vela em seu altar e começou
a meditar sentada no tapete redondo felpudo azul que tinha no centro do quarto
com o desenho de um pentagrama , geralmente conseguia ter mais sono quando
forçava o espírito a se desprender do corpo. Uma hora depois despertou e muito
sonolenta foi para a cama dormir.
Eram seis horas da manhã
quando acordou subitamente, sabia que não era sonho depois de anos de estudos
viu que aquela cena fora bem real, sonhara com Rubi, ela dizia que as
desconfianças de Julia não eram totalmente infundadas, Julia pediu que Rubi
ficasse com ela e dissesse onde estava, pois sentia muito a sua falta, Rubi
somente respondeu com um sorriso emocionado, percebeu ate lágrimas em seus
olhos, correu para abraçá-la, as duas saíram de mãos dadas em uma paisagem
muito bonita onde havia uma cachoeira e uma mata cheia de árvores, o lugar
parecia sagrado, de uma energia muito pura e bastante acolhedora. Julia falava
com ela, mas Rubi não emitia qualquer som embora a consolasse, ao ver seu
pranto,a única coisa que dissera, foi que as desconfianças de Julia poderiam
não ser infundadas. Após isso Rubi foi desaparecendo aos poucos ate dissipar
completamente. Julia ficou frustrada e transtornada a procura de respostas que
nunca chegavam, mas tinha confiança e agora esperança que talvez após muita
busca , e muitos anos de espera, iria
reencontrar o grande amor de sua vida. Ficou animada com este pensamento.
Levantou-se, tomou café da
manhã, escovou os dentes e voltou ao quarto, ligou o notebook e fez uma breve
anotação para não se esquecer da desculpa que havia dado ao Felipe, para não
passar vergonha mais tarde na aula.
Ligou a televisão para
assistir as primeiras notícias da manhã enquanto se vestia com uma roupa
confortável, estava afim de sair, dar uma caminhada por alguma praça e ir ao
shopping comprar um sapato que havia visto em uma loja.
Chegou ao shopping e foi
comprar o sapato, quando uma pessoa passou por ela em um corredor dando-lhe um
encontrão que quase a derrubou. Julia já ia xingar ,quando viu quem era.
- Dani, eu já ia te xingar ,
quanto tempo!!! Saudades de ti, desde o colégio que não a encontro, o que tem
feito? Menina, tu estas linda demais, nem parece a mesma, mas não tinha como eu
não te reconhecer.
- Ju, desculpa pelo
encontrão estou morrendo de pressa, anota aí meu telefone que depois a gente
conversa direito, mas muito bom te ver, tu também estas linda demais, estou com
muitas saudades daquele tempo. – Olhou para Julia com um sorriso safado – Vamos
marcar pra matar a saudade.
- Claro, claro, vamos sim! –
Disse Julia com um sorriso sedutor.
Após trocarem telefones, se despediram e Daniela foi
embora. Julia seguiu em frente e foi procurar a loja para comprar o sapato.
Andava pensativa , quanto tempo não via Daniela, sua melhor amiga de colégio,
primeiro amor e sua primeira namorada, mas passaram-se os anos após a escola e
nunca mais se encontraram, Julia continuou namorando outras meninas e agora ao
ver Dani não sentiu a mesma coisa, percebeu que não sentia absolutamente nada
mais por ela, somente amizade. Mas seria divertido relembrar os velhos tempos
com a Dani, aquela menina tinha um fogo!
Ao sair da loja, resolveu
almoçar no shopping mesmo depois iria para casa tomar um banho quente, arrumar
o material e ir para a aula, decidiu passar primeiramente na biblioteca para
retirar alguns livros que estavam em sua lista no plano de ensino, para assim
tirar cópias de algumas partes importantes.
Ao sair da biblioteca com
uma pilha de livros nos braços algo a paralisou, aquela linda mulher estava em
sua frente novamente, e ela, ficou completamente sem saber o que fazer, não
conseguia nem se mover, não conseguia falar, mas uma voz doce a tirou de seu
transe.
- Oi, tudo bem? Quer ajuda,
esta pilha deve estar pesada.
Julia sentiu a boca secando,
ficou alguns segundos sem conseguir falar, mas respondeu meio gaguejando pelo
nervosismo.
- C-claro, obrigada.
- Pra onde está indo?
- Sala 401, sabes onde fica?
-Sim, estou indo pra lá
também.
-Hum, afinal, quem é você?
Ontem te vi de relance, e não parei de pensar em ti, pois acreditava que te
conhecia de algum lugar.
- Eu sou Rubi, professora de
literatura e estudos gramaticais da língua portuguesa e tu?
- Rubi? Eu tive uma
professora chamada Rubi no ensino médio no primeiro e segundo ano, me dava aula
das mesmas disciplinas que tu e o nome de vocês não é muito comum , e ainda por
cima vocês são iguais, não pode ser coincidência, pois coincidência não existe.
- Uau- disse Rubi, incrível
pode mesmo ser eu, qual a escola?
Julia disse o nome da escola e Rubi saltou para traz.
-Não acredito, eu trabalhei
mesmo nessa escola, mas fui
demitida.Qual teu nome?
-Julia, meu nome é Julia
Almeida. -Dizendo isto estendeu a mão para cumprimentar professora. Ficou com
as mãos suadas ao sentir o leve toque das mãos longas e macias.
Rubi ficou calada e começou
a tremer violentamente, sua loirinha tinha voltado, sua busca havia acabado,
mas e o medo de envolvimento e ser demitida novamente, e tudo se repetir. Não,
agora Julinha era adulta, mas tinha que descobrir mais coisas sobre seu grande
amor, se ela tinha alguém, se estava solteira, se ainda pensava nela entre
outras coisas.
-Então tu és a mesma Julia
que eu dei aula, incrível como é a vida não é Ju? Depois de tudo o que passamos
nos encontramos na mesma faculdade onde eu dou aula e de novo serei a tua
professora.
-Verdade Bi, é difícil mesmo
acreditar que eu finalmente te reencontrei, depois de todos esses anos, já
estava começando a perder as esperanças,
mas quando olho as nossas fotos que eu deixei guardadas, as esperanças
voltavam ainda mais fortes e eu recomeçava as buscas por ti e nada, nem
internet, nem nada, não encontrei em lugar algum, então, resolvi fazer letras
pois sabia que tu dava aula em uma universidade, mas não me lembrava em qual,
então estudei muito para entrar , tentei em todas as que tinham e decidi que a
que eu passasse era na que tu estaria, e bom aqui estou eu, não? Achei muito
estranho não te encontrar em lugar na internet, nem o teu mestrado, nem nada,
procurei colegas de escola, e aos que encontrei perguntei se sabiam de ti e
todos unânimes dizendo que nunca mais te viram, nem professores tinham
notícias, eu estava apavorada Bi. Mas agora que te encontrei estou bem mais
tranquila de saber que tu estás bem e que estás perto.
- E eu me sinto muito bem de
saber que tu também estás bem Juli, senti muito a tua falta, muita mesmo, e tu
continuas linda.
-Tu, também, e por incrível
que pareça tu não mudaste nada, quantos anos tu tens agora?
-Isso é pergunta que se faça
menina?- Disse Rubi fingindo irritação.
Julia riu, sabia que seu
antigo amor, estava brincando com ela.
-Eu estou com quarenta
agora, e tu?
- Viu, estou dizendo tu não
mudaste nada, nunca que eu te daria quarenta anos, eu te daria no máximo uns 35
. Bom respondendo a tua pergunta eu estou com vinte e oito mas agora em março
faço 29, entrei bem tarde na universidade, o que me arrependo, deveria ter
entrado antes, minha busca teria terminado a muito tempo pelo menos eu acho.
-E tu continuas doce, sempre
simpática e me agradando. Sempre tentando me animar.
Julia só
teve tempo de sorrir, pois perceberam estavam em frente à sala de aula e
encerraram o assunto com uma promessa silenciosa de continuarem mais tarde.
Ao entrarem na sala de aula
alguns minutos depois, Julia percebeu que Roberta havia guardado um lugar para
ela ao seu lado.
Quando estava colocando o
material na mesa e Rubi passando sua metade de livros para ela, Julia ouviu
alguém chamando por ela.
- Hei, Julia senta aqui do
meu lado.
Ela virou para traz e viu
Felipe, só acenou a cabeça negativamente virando para frente novamente, sentou
ao lado da amiga e virou para Rubi sorrindo.
-Valeu Bi.
-De nada Ju
A professora então começou a
se apresentar.
- Oi pessoal, tudo bem? Meu
nome é Rubi e vou dar aula de literatura brasileira II para vocês este
semestre, sou formada pela UFRGS mestre literatura Brasileira e doutora em
Estudos gramaticais na língua Portuguesa. Vou passar para vocês também o plano
de ensino que já está na página do aluno.
Julia neste momento sentiu
um cutucão nas costelas, olhou para Roberta massageando-as e viu um bilhetinho
em cima da mesa.
“Mistério desvendado então,
descobrimos quem é a Deusa misteriosa, e nossos babacas e queridos colegas
estão babando feito uns idiotas, e tu ainda vieste conversando com ela,
sortuda! Que intimidade, já se conheciam antes?”
Quando Julia amassou o
bilhete escutou Rubi chamando a sua atenção.
- Julia, o papel está mais
interessante que a apresentação da disciplina?
Julia ficou vermelha e trêmula
baixou a cabeça e respondeu.
- Desculpa professora eu
estava vendo um recado que a Roberta me passou aqui sobre um curso que estamos
fazendo extraclasse, desculpa mesmo. - Disse Julia no momento em que colocou o papelzinho dentro da bolsa,
assim não teria risco de Rubi pedir pra ler, pois pelo que notara ela poderia
ser bem capaz de fazer isso, Rubi quando lhe dava aula na escola fazia o tempo
todo e não era somente com ela, riu silenciosamente com este pensamento,
voltando a prestar atenção na professora, estava com o plano de curso a mão
quando ela voltou a falar no mesmo após a interrupção.
Após o final da aula Julia e
Roberta estavam saindo juntas para o intervalo quando Roberta falou.
- Agora podes começar a contar como foi o
encontro com a Rubi, ela já sabe até teu nome, memória boa, duvido que lembre
do meu e que intimidade, já se conheciam?
- Cala a boca Beta, ela está
ali ainda, deve ter escutado o que tu disseste, maluca.
- Ops, desculpa esqueci, na
real nem me liguei.
- Ai menina tu és doida
mesmo. La embaixo eu te conto e bem longe dos ouvidos alheios.
Após descerem as escadas
para o bar do prédio Julia desatou a falar.
- Eu estava saindo da
biblioteca, com uma pilha de livros e ela me encontrou no meio do caminho, me
ofereceu ajuda para carregar os livros até sala de aula, mas antes perguntei
quem era ela, daí ela me disse o nome e eu o meu.
- Hum, que legal, e aí, boa
de papo?
- Sei lá a gente passou
maior parte do caminho em silêncio, mas eu descobri de onde eu a conhecia, foi minha professora no segundo grau. Éramos
muito amigas, é bom saber que ela está dando aula pra nossa turma, foi sem
dúvida alguma a melhor professora que eu tive no meu ensino médio. – Não
poderia contar o que havia acontecido, sabia que Roberta era sua amiga e tudo o
mais, mas era desligada e uma hora ia falar alto demais ou perto de quem não
poderia escutar.
- Ah não acredito Julia que
tu não perguntaste nada, se é casada, bi, lésbica, se tem filhos, se mora
sozinha e tal.
- Beta, tu se esqueceste de
um detalhe, ela não é nossa colega, nem uma amiguinha qualquer e muito menos
alguma gatinha do leskut, ela é nossa professora guria, te liga claro que eu
não perguntei, desnecessário.
- Como assim desnecessário?
Tu sabes a resposta, né?
-Na verdade eu não sei se
ainda sei, mas vamos mudar de assunto, eu to morrendo de fome!
- Quando é que tu não estás
morrendo de fome? Tu és toda magrinha, não entendo, pois comes um monte e não
engorda.
-Besta. – Disse dando um
soquinho no braço da amiga, dando um sorriso franzindo o nariz.
Foram para a lancheria da
faculdade e sentaram para comer alguma coisa.
- Te liga terminou o
intervalo, vamos pra aula? – Disse Julia massageando o estomago com um sorriso
no rosto.
- Sim, vamos.
Quando as duas meninas
chegaram à sala de aula deram de cara com Rubi,
- Bah, ela gostou mesmo da
nossa sala de aula, ou está esperando por alguém – Roberta falou olhando para
Julia com um sorriso safado.
- Beta, cala a boca, o que
ela vai pensar.
- Ai Julia, to brincando, tu
estás muito estressadinha.
- To nada, tu só tens que
aprender a falar na hora certa, guria.
- Bom vamos entrar.
Entraram na sala de aula e
Rubi foi para frente do quadro.
- Embora definitivamente
algumas pessoas não estejam felizes com a minha presença, ou estejam somente
querendo chamar a minha atenção com indiretas um tanto infantis, quero deixar
claro que estou aqui para dar aula para vocês não por qualquer outro motivo, e
olhou irritada para Roberta.
Roberta percebendo o que a
professora quis dizer ficou muito vermelha, mas Julia não soube em nenhum
momento dizer se era de vergonha ou raiva.
Julia escreveu um bilhetinho
e dobrou-o deixando no canto da classe, quando fosse possível passaria para o
destinatário.
Roberta olhou para Julia com
um olhar como que esperasse que lhe entregasse o bilhete.
Quando Rubi terminou de
apresentar o cronograma, Julia levantou lentamente e colocou o bilhetinho na
mesa da professora e saiu, fingindo ir ao banheiro. Na volta viu que Rubi
estava sentada à mesa lendo o bilhete, quando viu a aluna sentando em sua
classe fez um sinal afirmativo com a cabeça e começou a passar algumas
explicações no quadro branco. Ao final da aula quando todos os alunos foram
embora e ficaram somente, Rubi, Julia e Roberta na sala, Julia virou para a
amiga e falou.
- Beta eu preciso falar uma
coisa aqui com a professora, nos vemos amanhã ok?
- Tá né – Disse Roberta
saindo da sala pisando duro.
Voltou-se então para Rubi
com o rosto um pouco mais corado que o normal.
- Então Juli! Qual o assunto?
- Quero pedir desculpa pela idiota da Beta Bi,
ela é um pouco desligada, não queria que ela tivesse falado estas coisas na tua
frente, me deixou envergonhada, fiquei pensando no que tu ia pensar, ela
falando aquilo tudo. Sabe, a Beta é uma ótima pessoa, mas as vezes me deixa bem constrangida.-
Julia acariciava os cabelos fartos da professora enquanto falava.
Rubi
sentiu uma contração maravilhosa na barriga enquanto a aluna fazia as carícias.
- Tudo
bem Juli, acontece, eu percebi que ela é bem empolgadinha e novinha demais, me
lembras quando te conheci, mas tu eras ainda mais novinha.
Rubi
colocou a mão em cima da coxa de Julia e começou a acariciar a mesma
retribuindo o carinho da aluna, lembrando do início do namoro delas, sentiu lágrimas escorrerem pelo rosto.
Julia
viu um vestígio de lágrimas em Rubi e se adiantou a secá-las ainda deu um
abraço forte na sua amada, sabia que era a única coisa que resolveria.
- Bi não fica assim, estou aqui agora, vou
cuidar de ti eu prometo.
Rubi
começou a se acalmar e virou pra Julia sorrindo.
-Obrigada
Juli. Obrigada mesmo por estar aqui comigo e por não ter em momento algum
desistido de mim.
Julia ficou emocionada, mas manteve o
controle, não sabia a situação atual de Rubi não queria por nada em risco, não
iria ser igual ao que acontecera com elas no passado, não permitiria isto,
estava disposta a fazer tudo certo desta vez
-Bi, eu preciso ir, estou super cansada e ainda tenho que pegar dois ônibus
para ir para casa.
Rubi não querendo ficar mais
tempo longe de seu amor, perguntou onde Julia morava, quando ela respondeu
percebeu que ambas moravam próximas e ofereceu carona para a aluna até em casa.
Julia aceitou.
Desceram as escadas
abraçadas, mas em silêncio até que Julia resolveu puxar assunto, queria saber o
que acontecera com o seu amor.
- Trabalhas a muito tempo
aqui?
- Sim, uns 15 anos, lembras né,
que te falei que eu dava aula no curso de letras.
- Sim, mas não lembrava em
qual universidade. Da aula em outro lugar além daqui?
- Sim, dou aula em uma
escola para o ensino fundamental e médio, português e literatura. Tu ainda
escreves minha linda?
-Nunca vou esquecer nem
entender a tua empolgação com gramática Bi, nunca mesmo. Sim escrevo! Estou
escrevendo um romance, mas também escrevo algumas poesias.
-Romance é? Sobre o que?
-Duas almas gêmeas que
passaram por diversas vidas juntas.
-Que estranho, atá parece que eu conheço esta história.
-Sério? Impossível moça,
qualquer semelhança é mera coincidência. – Sorriu franzindo o pequeno nariz
empinado.
Rubi com
essa afirmação caiu na gargalhada, uma gargalhada gostosa que a pequena
adorava.
-Tu continuas a mesma,
mocinha.
- A tua gargalhada continua
maravilhosa amor. – Julia se deu conta do que havia falado, mas não se
arrependeu Rubi era o seu amor.
Rubi a encarou, mas
continuou calada.
Chegaram ao estacionamento e
entraram no carro de Rubi, que resolveu saber como sua linda havia passados todos
estes anos. Colocou uma mão na direção e a outra na coxa de Julia , como
costumava fazer anteriormente, e Julia, colocou a mão em cima da de Rubi e
ficou acariciando durante o trajeto.
- Então
Julia, ainda moras com teus pais?
- Não, moro sozinha, mas recebo uma pensão,
pois como não estou empregada ainda, essa é minha fonte de sustento.
- Sim
entendo.
Ficaram alguns minutos em silêncio quando Rubi tornou a
falar.
-Só fez
esta faculdade ou fez alguma outra coisa antes?
- Fiz
alguns cursos de poesias, redação, massagem, eu sei que não tem nada a ver, mas
eu sempre gostei. Depois, fiz vestibular, achei mais fácil de te encontrar. Fiz
alguns cursos de leitura, ou literatura ou Língua Portuguesa, tudo para ver se
eu te encontrava, mas nunca aparecia em lugar algum. Além do mais eu sempre
gostei disso, claro que terminei meu curso de inglês e por alguns anos dei aula
em cursinhos, comecei também um cursinho de Francês e outro de espanhol ,mas o
de espanhol não aguentei ,mas o de francês eu ainda faço todos os sábados.
-Francês
é uma língua linda. Sempre gostei.
-Eu sei,
mas era meu sonho desde criança.
-Eu
lembro. Algumas coisas eu até te ensinei.
-Verdade.
-Conta
Juli, que mais que aconteceu na tua vida?
-Não sei
o que tu queres saber Bi hehehehe.
-Ok
namoras, casaste?
-Não e
não. Tive algumas ficantes, algumas namoradas que não passaram de um ano, mas nunca era pra valer, preferi dar mais
atenção aos estudos e seguir com meu objetivo que era te encontrar, todos
diziam para parar, para desistir mas eu sempre fui teimosa e insistente, lembra
?E não desisti, eu não iria parar até te encontrar, até saber pelo menos alguma
notícia tua.
Rubi
ficou emocionada, sua menina, tinha desistido de tudo e posto ela em foco, mas
ainda não sabia se Julia realmente sentia algo por ela, mas iria descobrir, não
agora, pois estavam quase chegando e queria ter assunto para os outros dias.
- Bom
Bi, chegamos! - Disse Julia localizando-se na rua escurecida-, Nos vemos amanhã
então na aula de português?
- Sim,
sim, nos encontramos lá, tchau Juli, foi muito bom te reencontrar ,amanhã
seguimos nossa conversa, temos assunto de 12 anos para colocarmos em dia certo?
- Isso
mesmo. Boa noite dorme bem. Te cuida. Só mais uma coisa – Pegou um cartão na
sua carteira onde havia seu número de celular e de casa anotado – qualquer
coisa que precisar linda, me liga tá?
Deu abraço apertado em Rubi
e um beijo no canto do lábio, saiu do carro e nem deu tempo de Rubi responder,
foi direto para o prédio, estava pulando de alegria que reencontrara Rubi,
perguntaria mais sobre a vida dela no dia seguinte, saberia o que aconteceu com
ela sobre sua vida amorosa e tudo o mais, ela queria mesmo fazer a coisa certa
desta vez.
No dia seguinte levantou
cedo, tomou café, assistiu o jornal da manhã e ligou o notebook para ler o
Times, gostava de estar por dentro das notícias do mundo, abriu a página da
faculdade entrando assim na página do aluno, colocou o login e a senha e foi
ver se os professores já haviam colocado algum material ou o plano de ensino,
viu que Jorge, o professor que dava aula
de inglês, e Rubi, já tinham colocado os planos de ensino e material para
download. Baixou o material de ambos e imprimiu colocando na pasta sanfona que
costumava levar para a aula, deixando uma cópia nas pastas de ambas as
disciplinas no computador. Deu mais uma olhada no plano de ensino de Literatura
em busca de livros literários para comprar ao longo do semestre, anotou os que
ainda não possuía e acessou o site da livraria para pesquisar os valores,
depois de anotar, decidiu acessar o MSN para conversar um pouco com algumas
amigas que havia algum tempo não falava, passou a manhã e parte da tarde,
matando a saudade de algumas delas, quando viu a plaquinha de Beta
subindo.Clicou na mesma e chamou a colega,
- Oi
Beta!
-Oiii
amigaaaaaa, conta tudo, como foi a conversa com a Rubi?
- Beta,
para com isso, para de me jogar para cima da mulher, tanto eu quanto ela nos
sentimos muito mal com aquelas piadinhas sem noção que tu largaste ontem.
Parece criança cara, poxa que droga, para com isso, tu já passou da idade para
fazer esse tipo de palhaçada.
- Aiii
que stress, eu tava brincando.
-Sim eu
sei disso, mas ficou chato, tipo não faz mais ok.
- Ta né,
já deu o sermão?
- Já.
- Então
agora começa a contar.
- Contar
o que criatura.
- Sobre
a conversa, o que vocês falaram.
-Nada
demais, eu fui me desculpar pelo mico que tu me fizeste pagar.
-
Dramática.
-Dramática
nada, e depois disso, ela me deu carona.
-O QUE?
-
Carona, quando a gente oferece pra levar uma pessoa de carro até um certo lugar
sem cobrar nada.
- Eu sei
o que é carona Julia.
-To
brincando!!!
- Agora
conta, sobre o que falaram?
-Segredo...
hahahahaha
-
Pentelha.
-Não
conto, vai ficar curiosa.
- Tá né,
eu pergunto para Rubi então.
- Não
vai mesmo, se tentar eu te amordaço. To indo pra aula, vê se não se atrasa, até
mais tarde, bjos te cuida
Julia
colocou o material na mochila pôs o notebook na pasta junto com o material e
saiu de casa para ir pra faculdade, chegando lá subiu até a sala de aula e
sentou para esperar. Sentiu alguém aproximar-se e instintivamente olhou para o
lado antes de liberar a cadeira para a pessoa sentar. Era Rubi com seus lindos
olhos cor de mel olhando para ela com um meio sorriso.
- Oi Bi,
senta aqui, - disse tirando o material da cadeira dando lugar para a professora sentar - como foi o teu dia, e
obrigada pela carona ontem me quebrou um baita galho.
Rubi
prontamente sentou e colocou a perna em cima da coxa de Julia que colocou a mão
em cima da perna de Rubi que ficou acariciando a mão da aluna.
- De
nada Juli, foi um prazer e meu dia foi ótimo, acordei muito animada, fazia anos
que não me sentia assim e o teu?
-Perfeito,
acordei muito animada hoje também principalmente depois de descobrir que não
fora somente um sonho.
Rubi
caiu na gargalhada, estava com saudade do senso de humor da sua menina.
Depois
dessa Julia fingiu estar magoada e fez beicinho, Rubi riu mais ainda.
-Os anos
passaram e a senhorita continua a mesma não é mesmo dona Julia.
-Ah Bi
só envelheci, o senso de humor e o espírito de porco continuam os mesmos. -
Disse isso dando um sorriso brilhante para
a professora.
- Ju, chegou a ver que pus material para hoje
na página do aluno?
- Ah
sim, inclusive já imprimi.
-
Continuas competente né?
-Eu disse que só envelheci
Bi.
Até que
sentiu uma mão masculina no seu ombro e virou, era Felipe. Rubi se levantou
muito rápido, quase derrubou a mesa. Julia se controlou para não rir.
- Oi Ju.
-Oi
Lipe.
- Como
foi a entrevista?
-Interessante,
era numa empresa como tradutora, ficaram
de me retornar.
- Hum,
posso sentar?
Rubi não estava gostando nem
um pouco da forma como aquele rapaz tratava Julia, já estava quase pulando no
pescoço dele quando seus olhos cruzaram com a calma e a tranquilidade dos olhos
da pequena, então ela se controlou.
- Não Lipe, tu sabes que
quem sempre senta aqui é a Beta.
- Ah sim
a tua namoradinha.
Nesta hora Rubi arregalou os
olhos e contorceu o rosto coberto de ciúmes, mas não comentou nada, Julia achou
fofo o ciúmes infundado da amada, mas não mudou em momento algum sua expressão
para que ela se tranquilizasse.
- Lipe,
tu sabes muito bem que a Beta não é minha namorada. E não começa.
Rubi
respirou mais tranquila, depois que Julia negou esta suposição.
- Ta bom
então, mas um dia tu vais correr pra mim.
- Senta
então, tu sabes que vai cansar.
-Que
nada.
- Ai
Lipe para com isso, guri chato.
Rubi
virou para Felipe e perguntou.
- O
Felipe, tu chegaste a imprimir o material que eu deixei na página do aluno?
- Nem vi
que tu tinhas posto qualquer coisa, mas quando for pra casa eu imprimo.
- Mas é
pra hoje.
- Bom
não sei, eu peço para alguém e tiro um Xerox.
- Ok.
- Julia
me emprestas?
- Como
tu sabes que ela tem?
- Ah
professora, a Julia sempre tem o material no dia da aula.
- Ah
entendi.
Quando os alunos foram começando a chegar a
aula teve início.
-Oi meus
anjos, boa noite, todos imprimiram o material que deixei na página do aluno:
Muitos
alunos responderam que sim.
-Amados,
vocês sabem que é necessário que todos vocês tenham o material, até porque para
aprender gramática, tem que praticar e ler
muita teoria, e sem o material para acompanhar o que está sendo
explicado, vocês vão acabar se perdendo.
-Ai sora
– Disse, Alice – Eu não tenho impressora e no meu trabalho eles não deixam
imprimir, então eu não tenho como fazer as cópias.
-Gente,
vocês precisam dar um jeito nisso, até porque eu não aceito trabalhos por
e-mail e nem fora do prazo.
Neste
momento, Julia sem sucesso teve que segurar a risada, o que mais pareceu o
espirro e uma fungada muito estranha.
-Algum problema Julia?
-Não
sora, tudo certinho por aqui, obrigada.
-Mas
como eu ia dizendo...
Neste momento Roberta chegou
à sala de aula e todos ficaram olhando para ela.
Roberta sentou no lugar de
sempre, ao lado de Julia e ficou olhando para o quadro esperando que as
palavras escritas por Rubi saltassem do quadro e entrassem no seu caderno.
-Beta tu
não pegaste o material?
- Não,
tu não me disseste que tinha.
Rubi
ouviu a conversa das alunas e como já estava irritada com Roberta, se meteu no
assunto.
-Querida,
a Julia não precisas te falar quando tem material na página, tu que tens que
buscar.
Roberta ficou furiosa não aceitava crítica de
ninguém principalmente de professores.
- Eu não
te perguntei.
Toda a
turma ficou em um silêncio mortal e todas as cabeças se voltaram para Roberta,
Julia olhou para a amiga com um olhar assassino que a fez calar no mesmo
instante. Após tal incidente a aula correu normalmente.
Após a
aula Julia não sabia onde meter o rosto saiu correndo da sala de aula com
Roberta seguindo-a. Julia virou para traz com um olhar feroz e disse.
- Some
de perto de mim, ainda bem que eu não tenho mais aula hoje, pois eu não quero
olhar na tua cara por um bom tempo.
E saiu
indo para as escadas e de lá para fora da instituição, quando estava no meio da
lomba que levava para sua parada, ouviu uma buzina e seu nome,
-Julia!
Julia
correu até o carro e viu Rubi ali dentro.
-Entra.
- Nem
pensar!- Respondeu com o rosto vermelho de vergonha.
-Não
seja tola, entra.
Julia
entrou no carro, e colocou a mochila entre as pernas .Estava muito vermelha,
não sabia se era de vergonha ou raiva mas teve certeza que eram os dois
sentimentos. Rubi prontamente percebeu que a
aluna estava estressada, e acariciou seu rosto com muita calma tentando
fazê-la se acalmar
- Sabe,
tem dias, que se eu pudesse, matava a Roberta.
-
Imagino porque hahahaha.
-Guria
sem noção aquela. Ai nem sei o que dizer.
-Não
fala nada, não vale à pena.
-Verdade.
Mas ela foi grossa contigo Bi.
-Eu sei
linda, mas não me importo, já foi o tempo que eu chorava por isso, agora se
fosse tu ,meu anjinho, seria bem diferente. Vejo que ainda carrega o
pentagrama, no pescoço.
-Pois é
me ensinaram quando fui iniciada há 12 anos, que não posso tirar do pescoço se
não podem acontecer coisas horríveis sabias? Então resolvi seguir este
conselho.
Rubi riu
novamente, gostou de ver que ela se lembrava dos seus ensinamentos.
-Mas
infelizmente, eu tive que seguir sozinha, minha sacerdotisa sumiu e eu não pude
ter mais os ensinamentos dela, era ótima a minha sacerdotisa, me ensinou muito.
-E tu
estás me fazendo sentir culpada Juli.
-Aiiii
bi não foi minha intenção.
-Eu sei
Juli, eu estava brincando.
-Teu
sorriso continua lindo sabia?-Disse Julia encarando a professora. Mas teu olhar
me parece meio triste, tem algo que eu não saiba acontecendo?
-Não
minha linda, eu não estou triste, só estou cansada meu anjo.
Rubi
achou melhor não falar que sentia falta de namorar Julia, achava que ainda era
cedo, afinal não queria fazer nada errado desta vez, queria reconquistar Julia
aos poucos, fora traumatizante demais para ambas o final do relacionamento, e
não sabia se Julia estava magoada com ela por ter permitido a separação, e se
aceitaria ela de volta depois de terem ficado longe por tanto tempo.
Quando viram estavam
novamente na rua de Julia, se despediram, Julia agradeceu pela carona e saltou
do carro direto para o prédio, ela estava radiante que Rubi estava bem próxima
a ela como nos velhos tempos, tinha certeza que ela teria uma chance de tê-la
novamente, mas tinha que ir de vagar, não ia com sede ao pote, não queria
prejudicar sua amada novamente, saberia esperar, e principalmente queria
reconquistá-la como se começassem do zero. E foi dormir com este pensamento
após um banho quente e um prato de comida, precisava descansar.
Acordou às 8h da manhã no
dia seguinte estava muito animada para iniciar seu dia, acendeu uma vela no
altar e começou seus agradecimentos diários e meditação, levantou, tomou café e
foi assistir televisão após as notícias matinais e um maravilhoso café da manhã
foi olhar seus e-mails e o portal do aluno, baixou o material que estava
disponível para aquele dia e imprimiu. Abriu o e-mail e viu que havia um de
Lipe, onde ele implicava com Julia sobre a intimidade com a professora, ela
respondeu que na verdade, ela já havia sido sua professora no ensino médio e
tornaram-se grandes amigas desde então.
Acessou
as redes sociais procurando novidades, nada demais e foi para o MSN ver as
notícias dos amigos que fazia um tempo que não falava com eles.
O dia
passou tranqüilo, nada de importante ou surpreendente, apenas lembrou-se de
falar com suas duas melhores amigas Lucia, e Luana, gêmeas univitelinas que
fizeram parte de sua vida antes e depois de Rubi, precisava contar que a havia reencontrado,
ligou para Luana e contou tudo conforme acontecera, todos os detalhes sem
deixar faltar nenhum e falou também sobre a decisão de ir devagar.
Luana
concordou que seria o ideal e mudou de assunto perguntando:
-O que
vais fazer no final de semana? Encontrar com a Rubi?
-Ainda não sei, talvez vá
para a casa dos meus pais ainda não decidi, e tu?
- Também
não sei, podíamos marcar alguma coisa, eu, tu a Lucia e a Rubi se ela topar é
claro.
- Sim,
podemos mesmo. Vou conversar com ela e depois te aviso, conta pra Luci ok?
- Aham conto sim e aproveito
e convido-a para nos encontrarmos.
- Ai amiga valeu e vê se
convence a tua irmã a arranjar um número da nossa operadora, nunca consigo falar
com ela.
- Ok né!
-Amiga vou desligar preciso
arrumar meu material para a aula
-Certo. Tem aula com ela
hoje?
-Não, nem amanhã, somente
terça e quarta
-Ok amiga, beijinhos te
cuida e boa aula.
- Valeu amiga pra ti também
, te cuida qualquer coisa me liga, amo tu! Ate.
Desligaram o telefone, Julia
juntou o material na mochila e foi para faculdade.
Julia chegou à instituição e
subiu para a sala de aula. Sentou no lugar de sempre, guardou o lugar de
Roberta, pois a amiga ainda não havia chegado, assim como a professora de
Prática então resolveu pegar na mochila algumas fotos antigas que sempre
carregava consigo. Nelas guardava a lembrança dela e Rubi e a felicidade de um
relacionamento rompido por puro preconceito, mas descobrira que as fronteiras
eram rompidas quando era pra ser assim, a professora Regina chegou, na mesma
hora jogou as fotos na mochila para substituí-las pelo plano de ensino da
matéria. Surpreendentemente faltavam quinze minutos para a aula terminar quando
Roberta apareceu .Julia mandou um olhar de reprovação para a amiga mas não
falou nada, achou melhor manter-se calada.
Diego que sentava no fundo,
obviamente tinha que soltar uma piada.
-Te superou hein Roberta,
chegou super cedo pro próximo período.
Julia olhou para Diego com
um olhar assassino e falou.
-Tu não perdes por esperar
cara, tu ainda vai levar muito nesta cara.
-Medinho de ti Julia! Cão
que ladra não morde sabia?
-Eu teria, pois esse além de
latir, morde.
Faltando cinco minutos para
o fim da aula escutaram uma batida na porta e a professora Regina foi abri-la.
-Sim professora.
-Chama a Julia, por favor,
Re? Preciso falar com ela.
-Claro chamo sim.
-Re chega aqui antes.
Julia não pode ouvir o que
Rubi falou antes de Regina chamá-la.
-Julia a professora Rubi
está te esperando ali fora.
Julia que já havia guardado
o plano de ensino em sua mochila pegou o celular e dinheiro colocou no bolso e
saiu para atender Rubi, que a aguardava na porta.
-Oi professora, - falou
Julia para disfarçar- algum problema?
-Eu precisava ver uma coisa
contigo Julia, podes me acompanhar.
-Hum claro.
Rubi
levou Julia ate um lugar desconhecido do campus bem escondido, onde poderiam
conversar mais a vontade.
-Oi Rubi
deu saudades é?
-Aham,
Ju, eu preciso muito falar contigo.
-Sobre o
que?
Nesta
mesma hora o telefone de Julia tocou era Roberta querendo saber onde ela
estava. Julia disse que a encontrava na aula. Rubi encarou Julia e contorceu o
rosto por puro ciúmes, Julia percebeu e riu, achava lindo o ciúmes de Rubi
mesmo depois de tanto tempo.
-Voltando
o que tu querias falar Bi?
- Hum
queria saber se quer carona hoje de novo, só isso.
- Sei, é
só isso mesmo? Eu acho que não, pelo teu rostinho tem uma pergunta escondida aí
e tu não queres deixar sair.
- Me
conhece mesmo, não?
-Claro
que conheço, fala.
-Melhor
não, deixa pra depois, tu tens que ir para a tua aula não quero te prejudicar.
-Não Bi
está cedo ainda, vamos fala, o que é?
-Nada minha linda, a gente
fala sobre isso no carro, mas Juli, posso pedir uma coisa?
-Claro linda fala.
-Me da um abraço? Eu sinto
falta do teu abraço.
Julia não pensou duas vezes
e abraçou Rubi com força e carinho. Ficaram curtindo o momento por algum tempo,
Julia percebeu que Rubi estava chorando e a apertou nos braços com mais força,
acariciando os fartos cabelos da professora até ela se acalmar.
-Juli, é melhor tu ires para
a aula – Rubi falou no ouvido de Julia
secando algumas lágrimas teimosas e limpando o nariz com as costas da mão.
-Ok eu vou, sei que não
adianta insistir, tu não ias me deixar mesmo matar aula.
- Não
mesmo. Te busco pra te dar carona cinco minutos antes da aula terminar ,então
não sai antes ok?
- Claro
amor pode deixar.
Rubi já estava acostumada
com a aluna chamando-lhe de amor, novamente,
mas não sabia se isso continuaria depois do que ela tinha para contar
para Julia.
Chegando à sala de aula, o
professor Jorge já estava la, então
Julia sentou em sua classe e pegou o material para aquele dia.
Roberta olhou para Julia com
um ponto de interrogação enorme no meio do rosto.
Julia
sabia que não poderia esconder isso por muito tempo da amiga então decidiu que
contaria pra ela, mas não na frente de ninguém.
-Te
conto depois, mas não aqui temos que conversar sobre isso em particular, é
muito importante que ninguém saiba.
- Ok né!
Tem a ver com a professora Rubi?
Julia
somente concordou com a cabeça e se manteve calada.
A aula
transcorreu normalmente, o professor terminou de passar a matéria e faltando
cinco minutos para a aula terminar, Rubi bateu na porta, Julia já sabendo,
juntou seu material se despediu de Roberta indo ao encontro dela.
-Oi,
sora!
-Oi
Julia, vamos?
-Ah sim
claro.
-O que
está acontecendo? Agora vão voltar juntas sempre? – Perguntou Felipe irritado.
-A
professora Rubi, é minha vizinha Lipe, ela me leva para casa todos os dias, te
liga guri, tu és muito chato, vamos Rubi.
As duas
saíram até o estacionamento, abraçadas conversando animadamente.
-Guri
chato esse Felipe, ele é sempre assim?
-Aham
sempre, inacreditável como pode caber tanta chatice em uma pessoa só Bi.
-Pois é,
então Juli, tu és aluna da Re né?
-Sim sou
, por quê?
-Como assim por quê? Esqueceu quem é
ela?
-Como
assim?
-Julia a
Regina era e sempre foi a minha melhor amiga, ela sempre estava junto conosco!
-O QUE?
Não consigo acreditar que é a mesma pessoa, cara, eu poderia ter perguntado
para ela no semestre passado, quando ela me deu aula, e eu fui lenta demais pra
não perceber, burra. Eu sabia ela não me era estranha, mas não me lembrava da onde, e por que ela
não falou comigo amor?
-Ju,
calma, ela não tinha certeza, ela nunca foi tua professora, ela não sabia que
tu eras a mesma Julia, tu mudou muito Juli, ela também estava em dúvida.
-É, tu
tens razão, mas ela poderia ter vindo me perguntar se por acaso eu não tinha
sido tua aluna no ensino médio, mas tudo bem eu entendo até porque ela deveria
saber que eu ia ser tua aluna este semestre e nem perdeu tempo.
-Exatamente, não precisas ficar
assim.
-Ok Bi!
Me diz uma coisa?
-Sim!
-Tu
casaste? Namoras com alguém ?Teve
filhos?
-Não
,não, não.
- Hum, Bi!
-Que foi?
-Lembras da Lucia e a Luana?
-Como
não lembrar das gêmeas, vocês andavam sempre juntas, eram tuas melhores amigas,
quando tu não estavas comigo, estavas com elas, e volta e meia fazíamos
jantares juntas. Vocês eram umas pestes, quando estavam juntas na sala de aula
só me davam dor de cabeça, e ai de quem separasse vocês, tenho certeza que se
alguém tentasse , vocês aprontariam feio.
-Ai Bi
que visão deturpada vocês professores tinham de nós, logo nós tão inocentes,
puras, nunca fizemos nada para ninguém.
-Ta bem
né Julia.
-Ai Bi,
tu estás sendo injusta, tu nunca me mandaste para a direção, nem a elas.
-Como se
eu tivesse coragem mesmo de te mandar para a direção, eu nunca teria feito isso,
embora às vezes tu pedisse né?
-Pedia
nada. Mas então, liguei para a Luana hoje contando que eu tinha te
reencontrado, e a gente está pensando em fazer alguma coisa no final de semana
nós 4 como nos velhos tempos, o que tu achas?
-Ah Ju,
me desculpa, mas este final de semana eu não posso, tenho outro compromisso.
Julia ficou um pouco
decepcionada não entendia por que Rubi não queria sair com ela, sentia medo que
ela não quisesse assumir qualquer relação com ela, talvez fosse melhor por
enquanto ficarem separadas, até porque não queria prejudicar a amada, mas iria
reconquistá-la. Se ela tivesse perdido o interesse ela iria fazê-la sentir
novamente.
Rubi ao contrário do que
Julia pensava não queria encontrar com as gêmeas por puro medo, não queria ser
julgada pelas melhores amigas de Julia por seu desaparecimento repentino e por
não ter se imposto para continuarem juntas, Rubi ainda se culpava muito por
terem sido separadas e tinha medo que Julia e as meninas a culpassem pelo mesmo
motivo.
-O que tu tens de aula amanhã?
-Literatura
Inglesa1 e Inglês3.
Chegaram
à rua de Julia e se despediram. Julia foi para casa jantou e foi dormir.
Julia
acordou subitamente com o toque estridente do celular, olhou era um número
estranho, mas atendeu aquele horário poderia ser alguém conhecido que estava
com problemas.
-Alo?-Respondeu
ela com voz de sono.
-Ju?.-Do
outro lado da linha a pessoa soluçava muito.
Julia
acordou completamente naquele momento, não estava acostumada a acordar no meio
da noite com alguém chorando do outro lado da linha.
-Quem é?
O que houve?
-Ju, sou
eu.
-Bi?
-S-sim.
- O que
houve?
-Eu s-só
pre-pre-ciso sa-saber se tu um dia v-vai
me perdoar. –Rubi caiu em um choro convulsivo
-Bi, meu
anjo, te acalmas , me passa teu endereço por mensagem eu vou me arrumar e vou
na tua casa., mas te acalma.
-Não Ju,
só preciso s-saber se tu perdoas.
-Perdoar
do que? Bi, to indo aí me manda teu endereço e estou chegando.
Rubi se
rendeu e mandou o endereço para Julia, levantou da cama e foi aguardar a aluna
chegar.
Julia
levou uma meia hora para chegar à porta de Rubi que estava aberta.
Quando entrou, percebeu que
a professora a aguardava sentada no sofá na sala escura do apartamento, estava
toda encolhida, o que era muito difícil para ela em função da altura. Julia
trancou a porta e se aproximou de Rubi, percebeu que ela estava tremendo muito,
lentamente a abraçou e a ruiva recomeçou a soluçar.
-Bi, meu anjo, te acalma.
Rubi não conseguia responder
de tão desesperada que estava.
Julia saiu de perto foi até
a cozinha e pegou um copo d’água, levou até o sofá para Rubi, entregou-lhe o
copo e ela começou a beber devagar, depois de alguns minutos nos braços de
Julia, Rubi conseguiu se acalmar um pouco.
-Agora tu podes conversar?
-Posso.
-O que houve? Por que tudo
isso?
-Senta do meu lado,
precisamos conversar.
-Ok, vamos conversar.
-Ju, depois que nos
descobriram eu fui transferida para outro estado, onde fiz meu mestrado e
doutorado, continuei na mesma rede de instituições dando aulas. Voltei para cá
há uns dois anos ,e a Soraya que continua na escola que tu estudavas não me
aceitou de volta, ela voltou a ser a diretora.
-Não sei
como permitiram aquela víbora continuar diretora de lá.
-Bom nem
eu, continuando, então eu fui para a escola que faz parte da universidade, e
como estava na mesma rede de instituições e fiz mestrado pela no local eu acabei voltando pra cá.
-Sim.
-Ju, eu
me culpo até hoje pelo que aconteceu
entre nós, eu vejo agora que eu poderia
muito bem ter me imposto ,ter falado que eu não queria ser transferida,
que eu me demitiria e iria para outra escola,mas eu era covarde, imatura, e não
sabia me impor, eu deixava os outros mandarem em mim e deixei a pessoa que eu
mais amava escapar das minhas mãos, deixei tu sofrer por medo, por achar que
era a coisa certa a fazer tu me esquecer e ser feliz com outra pessoa.
-Bi...
-Julia
me deixa terminar. Eu peço perdão por tudo o que eu fiz, eu peço perdão por ter
te deixado só, eu peço perdão por ter sumido, por ter me escondido, e por ter
sentido medo de voltar, eu poderia ter voltado há muito tempo, mas tive medo,
tive medo da tua reação a me ver, tive medo de te encontrar com outra pessoa,
tive medo que tu não me perdoasse, e não me quisesse mais. Eu voltei, pois não aguentava mais de saudades de ti,
embora não soubesse o que eu iria enfrentar mesmo assim resolvi enfrentar o que
estava por vir.
Julia a
olhou, abriu a boca para falar, mas Rubi
pediu que ela não falasse nada, pediu que ela pensasse sobre tudo que ela falou
e pediu que fossem apenas dormir, queria curtir o momento.
Rubi
deitou na cama e Julia a abraçou por trás, dormiram muito mal aquela noite cada
uma com seus pensamentos turbulentos, confusos e cheios de dúvidas.
Rubi
escutou o despertador tocar ao longe e levantou, acordou Julia e foram tomar
café da manhã juntas, nenhuma falou nada durante a refeição, Rubi se vestiu em silêncio e quando estavam
prontas, desceram até a garagem e entraram no carro. Mantiveram silêncio o
caminho todo até a casa de Julia . Ao
chegar, Julia apenas deu um tchau rápido com um beijo na bochecha da professora
e subiu até o apartamento sem falar com ninguém , na verdade,ela não enxergava
ninguém em sua frente. Seguiu em linha reta subiu as escadas, muito devagar,
precisava pensar em tudo.
Quando
chegou em casa, entrou no quarto tomou um banho quente, vestiu o pijama e foi
dormir, ainda sentia sono, sentia uma vontade tremenda de não acordar tão cedo.
Sua intuição dizia que aquela semana, seria uma semana muito difícil.
Eram
duas da tarde quando Julia acordou e resolveu ligar para Rubi a fim de ver como
a professora estava, mas não houve resposta e nem retorno da ligação durante a
tarde, Julia insistiu mais duas vezes e nada. O final de semana chegou, Julia,
estava desesperada sem noticias de Rubi e ligou para Anita , a prima mais nova
que era o braço direito de Julia nos assuntos do coração.Pegou o celular na
cabeceira da cama, e ligou para a prima.
-Alo, oi
Ju como tá?
-Ótima,
e péssima ao mesmo tempo, preciso conversar, vem aqui?
-Prima,
mas o que houve?
-Vem pra
cá, te explico quando tu chegares.
-Ok,
estou indo.
Em vinte minutos Anita
estava entrando feito um furacão dentro do apartamento de Julia.
-Quem foi?
-A Rubi.
-Julia, esquece a Rubi, ela
sumiu, evaporou, ela não vai mais voltar.
-Não ! Ela não sumiu, ela
voltou. – Disse em lágrimas, e soluços.
-Como assim ela voltou?
-Voltando, ela é minha
professora de português e literatura, este semestre.
-Então não entendi , cadê
ela? Olhando para os lados como se esperasse que a mulher alta de cabelos
ruivos e cheios, olhos verdes profundos e misteriosos como o mar surgisse a
qualquer segundo.
-É esse o problema, ela
sumiu, ela simplesmente evaporou sem deixar recados prima, a gente teve uma
conversa, na verdade um monólogo, só ela falou não me deixou falar em nenhum
momento, ela me disse que se culpava, me pediu perdão e me mandou embora no dia
seguinte, só dormimos juntas, dormimos mesmo, nem voltamos, sem beijos nem nada
ela só me pediu perdão e no dia seguinte me largou em casa e desde este momento
eu não vejo mais ela.
-Que dias tu tens aula com
ela?
-Terça e quarta.
-Bom ela sempre foi
competente e responsável, ela não vai deixar de aparecer, então da uma prensa
nela e diz tudo o que esta entalado aí dentro desde o dia que ela sumiu quando
deu a confusão toda no teu colégio.
-Sim eu vou, estou pensando
já em fazer isso, e foda-se se ela não permitir que eu vá junto, sei onde ela
mora, eu invado o apartamento dela e falo tudo.
-Ela te contou tudo o que
aconteceu?
-Sim.
Neste momento Julia relatou
para a prima tudo que havia acontecido com Rubi naqueles anos que as mantiveram
separadas, e Anita ficava em choque a cada palavra que Julia falava.
-Alguém mais sabe?
-Sim, além de ti, a Lucia e
a Luana.
-E o tio Osvaldo, a tia Inês
e a Mila?
-Não, ainda não contei,
conheço-os bem sei da reação deles.
-Mudando de assunto, como
foi o reencontro? – Perguntou Anita curiosa.
Julia contou como
reencontrara Rubi, e como ela continuava a mulher linda e incrível e sensível
que ela era.
-Prima, agora que tu
contaste o que queria, eu tenho que te contar algo.
-La vem minha priminha
contar dos namoradinhos.
-Bem por aí. Então deixa eu contar,
conheci um carinha prima, da faculdade, ele é uns dois semestres mais adiantado
que eu.
Anita contou todos os
predicados do guri chamado Ricardo, contou que estavam ficando desde o primeiro
dia de aula e que pretendiam sair juntos no sábado seguinte.
-Baladinha básica não é
prima, eu mereço me divertir com um cara gostoso não acha?
Julia não conseguia parar de
rir, Anita era muito divertida, conseguia animar até a festa mais monótona só
com suas histórias e deixava todos animados e sentindo-se bem mesmo sem
conhecer quem estava em volta.
Julia convidou a prima para
passarem o final de semana juntas, foram no shopping comer porcaria e foram ao
cinema assistir um filme muito popular.
-Que bom, eu estava mesmo
esperando para assistir este filme, assim vamos poder assistir juntas.
-Sim eu também queria muito
assistir.
-Legal.
Após o filme saíram da sala
comentando.
-Vamos, comer onde, minha
barriga já está rosnando aqui.
-Pois é a minha também.
Jantaram e foram embora, no
dia seguinte combinaram de ir ao parque da redenção passar à tarde.
O final de semana de Julia fora muito bom ,conseguira se
distrair bastante com Anita e mal teve tempo de pensar em Rubi. Domingo ligou
para a professora e nada de notícias, por mais que Julia tentasse se comunicar
com ela não conseguia,ela não atendia e nem retornava as ligações, depois que saíram da redenção Anita deu a
idéia de as duas irem juntas procurar por Rubi no prédio dela, vendo que a
prima estava voltando a ficar desesperada ,chegando lá perguntaram ao porteiro
se a professora estava, ele havia dito que ela não aparecia em casa desde sexta
feira. Neste momento Julia se desesperou ainda mais.
Julia e
Anita voltaram para casa em silêncio,
Julia não sabia o que estava acontecendo, estava apavorada com o sumiço do seu
grande amor. Anita subiu com ela e ficou na casa até a prima começar a se
acalmar e te certeza que ela ficaria bem sozinha, aconselhou ainda que ela
pedisse orientação aos deuses e descansasse
um pouco.
Julia
seguiu exatamente o conselho da prima depois de muito orar, foi dormir.
Terça
feira Julia chegou à sala de aula e viu Rubi sentada sozinha.
-Oi
Julia.
-Rubi
onde tu estavas? Por que não me atendeste e nem retornaste as minhas ligações,
eu estava morta de preocupação contigo, por que tu sumiste?
-Eu
estava em casa Julia.
-Não
mente, eu estive domingo na tua casa com a Anita e o porteiro nos disse que tu não aparecia lá desde sexta
feira, onde tu estavas?
-Julia,
daqui a pouco os teus colegas vão chegar, depois a gente conversa sobre isso.
-Bi, não tem depois, eu quero saber agora, eu
tenho direito de saber.- Disse Julia colocando uma cadeira ao lado da de Rubi.
-Julia
vais para o teu lugar.
-Não,
até tu me contar o que aconteceu e por que tu estás me tratando desta maneira
eu não saio daqui.
-Julia
vais para o teu lugar, teus colegas estão chegando.
Julia
não se moveu, ficou ali não deu bola quando os colegas começaram a entrar na
sala de aula encarando a colega e a
professora sem realmente entender o que estava acontecendo, por que elas
estavam sentadas na classe de Rubi.
-Quando
a aula foi iniciada, Julia foi para sua classe,
mas ficou encarando e participando da aula muito mais que o normal,
fazendo perguntas, o que obrigava a professora falar com ela. E assim foi
durante os dois períodos.
Quando
se viram sozinhas na sala de aula Julia se aproximou novamente da professora que
ainda estava sentada, sentou ao seu lado e começou a acariciar a coxa da mesma.
-Bi, podemos conversar?
-Não
Julia, eu estou cansada quero ir para casa.
-Posso
ir junto?
-Pode,
eu te largo em casa.
-Não,
Bi, eu quero ir para a tua casa, onde eu vou falar o que tu não me deixou na
quarta feira.
Rubi
manteve-se calada, não concordou nem discordou, simplesmente levantou e foi
para o estacionamento com Julia ao seu lado.
Ficaram
caladas o caminho todo, Julia sorriu, quando viu que não foram até a sua casa e
sim para a casa da professora.
Rubi
deixou o carro na garagem e foram até o apartamento de elevador. Rubi abriu a
porta e entraram. Rubi convidou Julia a sentar no sofá e disse:
-Ok
Julia fala, eu vou te deixar falar.
-Bi,
depois que nos separaram eu entrei em uma depressão profunda, não saia de casa,
não comia,não fazia nada, só ficava deitada, te culpando pela tragédia que
tinha se tornado a minha vida, meu pai me colocou num colégio para meninas,
onde eu me formei, conheci uma menina com quem eu namorei por um ano , foi meu relacionamento mais longo, mas eu me
sentia culpada, pois estava com ela só fisicamente, pois o meu pensamento e
coração estavam em ti, depois deste ano que fiquei com a Fernanda eu parei de
te culpar, me formei e desde então comecei a buscar por ti, mas não te
encontrava, em lugar nenhum, depois que a internet começou a ter mais força
aqui eu comecei a entrar em sites de buscas
e jogava teu nome na rede mas não encontrava nada, me parecia que tu não
queria ser encontrada, mas nunca desisti, fui em escolas e nada, comecei a
fazer cursos que tinham ligação com leitura,literatura,português e produção de
texto tudo com a esperança de te encontrar. Com 24 anos meu pai comprou o meu
apartamento e eu me mudei, dois anos depois, entrei na faculdade e finalmente
te encontrei,no momento em que eu percebi que tu só não te impôs por ser jovem e ter medo do futuro sem
emprego e tudo o mais eu parei de te culpar, eu te perdoei e fui atrás de ti mesmo
não te encontrando, eu sabia que nosso destino Bi, era ficar juntas, que a
distância não seria empecilho para ficarmos juntas pois tu estava em mim, em
pensamento, o teu amor nunca tinha saído de mim, eu sabia que onde quer que tu
estivesse, tu não havias deixado de me amar, que tu ainda estavas comigo e por
esse motivo eu não desisti de ti não desisti do teu amor por mim e nem do meu
por ti. – Julia virou de frente para Rubi, segurou as mãos desta e falou - Bi
eu te amo e eu quero ficar contigo, eu não quero nunca mais ficar longe de ti,
eu só quero que possamos continuar de onde paramos, quero ser feliz contigo Bi.
Quero me estabilizar contigo, casar, adotar um neném ou mais. Não é isto o que
tu queres meu amor?
Rubi
estava com os olhos inchados de tanto chorar com o que Julia contava, e principalmente
com a declaração de amor que a sua menina havia feito.
-Juli, é o que eu mais quero, eu quero muito
ficar contigo, muito mesmo.
-Mas?
-Mas eu
tenho medo, que tudo se repita?
-Amor ,
eu tenho 28 anos, Bi, não é mais ilegal.-Juia, sorrindo delicadamente tornou a
segurar as mãos de Rubi que soltara apenas para secar-lhe a face coberta de lágrimas.- Volta para mim?
Rubi
respondeu com um beijo doce cheio de sentimentos e coberto de significados.
Foram para o quarto, Julia tirou da mochila um pijama, e um nécessaire com tudo
para um banho quente e relaxante.
-Ué,
veio preparada?
-Claro,
eu iria vir para cá tu querendo ou não, se não me trouxesse, eu pegava um
ônibus que passa aqui na frente e invadia o apartamento e a gente ia conversar.
Agora me responde, onde tu te escondestes desde sexta feira?
- Eu fui
para um templo wiccano que tem no interior para meditar. Precisava um tempo só.
-Custava
avisar?
-Sim eu
sabia que tu irias acabar descobrindo onde eu estava e iria atrás de mim então
achei melhor sumir, meu celular ficou aqui, lá não pode entrar com nenhum
aparelho tecnológico, e mesmo que pudesse não levaria.
-Entendi.
Nunca mais faz isso!
-Ok, mas
tu sabes bem que às vezes preciso ficar só.
-Sim,
mas eu tive muito medo que tu tivesses ido embora novamente.
-Ju, eu
nunca mais vou embora, não repetirei o mesmo erro, já foi difícil te deixar por
tantos anos, não vou fazer o mesmo agora, e mais, tu estás muito bonita, não
quero ninguém tocando na minha mulher.
-Acho
muito bom mesmo.
-Principalmente
aquele imbecil, o mala do Felipe, ele que não venha chegar muito perto de ti,
que ele vai ter problemas.
-Com certeza, agora eu preciso de um
banho.
-Agora eu preciso de um beijo.
Julia puxou o rosto de Rubi para
mais perto do seu, aproximou seus lábios e deu um beijo calmo, mas ao mesmo
tempo quente na namorada.
Julia levantou do sofá, pegou suas
coisas e foi tomar um banho, saiu do banheiro completamente vestida com um
pijama rosa e um Basset Hound estampado
na frente, sentado com as orelhinhas
caídas e a língua de fora.
-Ai que coisa mais fofa este pijama,
tu não mudaste nada mesmo né Ju.
-Tu que pensas. – Disse Julia com um
sorriso sensual nos lábios.
-Er... bom... hum, é melhor eu tomar
meu banho e irmos dormir, porque eu
realmente preciso acordar cedo amanhã.
-Amor são quase cinco horas, nunca
que tu vai acordar cedo amanhã de manhã.
-Então é melhor eu nem dormir.
-Tu achas que tu estarás bem
disposta amanhã para dar aula para adolescentes.
-Sabes que não. De qualquer forma,
eu preciso de um banho.
-Ok vai lá.
Rubi
voltou ao quarto, e depois de duas noites sem dormir, era muito difícil se
manter acordada, então às seis horas resolveu ligar para a escola e avisar que
não se sentia bem e precisaria ficar aquela manhã em casa descansando, iria na
parte da tarde. Colocou o relógio no criado mudo para despertar às onze horas,
levaria Julia para almoçar e iriam juntas a
escola onde dava aula pois era próximo a
universidade, teve a idéia de conversar com a diretora da escola e perguntar sobre a possibilidade de colocarem Julia como
ajudante de Patrícia nas aulas de literatura.
No caminho da escola conversavam
sobre esta idéia e Julia ficou bastante animada.
-Mas
será que vão deixar?
-Eles me
conhecem a anos então eles vão permitir, eu digo que tu és a minha melhor
aluna, e tem como provar que tu é mesmo com as tuas provas e notas é só passar
na tua casa e pegar as provas.
-Se tu
dizes, eu vou adorar.
-Amor? O
que tu achas de depois da aula a gente ir jantar fora?
-Eu vou
adorar!! Mas onde?
-Não,
sei amanhã a gente decide.
-Legal,
vai ser bom jantarmos fora juntas depois de tanto tempo.
-Ah que
bom amor. Juli, só uma coisa, cuidado para não falar de nós para ninguém certo?
-É eu
sei , não te preocupa, não quero passar por tudo de novo, e sei que tu também
não.Só tem uma pessoa lá que me preocupa que esteja desconfiando de alguma
coisa.
-Quem?
-Felipe.
-Foi o
que pensei, acho que a partir de quinta feira não vou mais te buscar na sala de
aula, nem para o intervalo e muito menos para ir embora, vou te mandar mensagem
para o celular e tu me encontra onde combinarmos, pode ser?
-Acho
melhor mesmo, não quero confusão com aquele guri e sei que ele pode ser um
problema.
-Pois é!
Vamos dar um jeito, só fico preocupada que algum dia ele nos siga.
-Não
fica, vamos ficar no bar mesmo, só conversando se possível não todos os dias
para ele não desconfiar.
-Legal
amor, boa ideia.
-Que
saudades de te ter ao meu lado, sabias ?
-E eu
então amor. Como senti tua falta. Todo mundo era contra eu te procurar, seguir
com as minhas buscas, somente a Lua e a Luci, me ajudaram, nunca desistiram
também, tornaram isso um objetivo de vida, só para me agradar sabia?
-Elas
são tuas amigas mesmo.
-
Verdade, agora vamos pensar em nós e a
partir de agora escreveremos mais um capítulo da nossa vida. Vamos esquecer o
passado e começar do zero, seguir em frente e sermos felizes juntas.
-Isso
mesmo amor.
Rubi abraçou sua menina, e
deu-lhe um beijo demorado na boca. Deitaram-se e ficaram abraçadas.
-Boa noite anjinho, dorme
bem meu amor, que a Deusa te proteja e que te abençoe.
Julia
desejou o mesmo para a namorada. E pegaram rapidamente no sono.
Tiveram
uma noite muito tranquila, a mais tranquila desde que foram separadas . Agora sabiam que nada mais as
impediriam de ser feliz.
No dia
seguinte despertaram com o despertador estridente do celular de Rubi.
Julia
acordou sentindo um par de olhos verdes penetrantes encarando-a
-Bom
dia!
-Bom dia
minha florzinha, dormiu bem?
-Sim e
ainda não acredito que não é sonho. Sabes quando a gente realiza algo que
sempre quis e acorda no dia seguinte e vê que é real ?
-Sim eu
sei, e eu estou sentindo o mesmo hoje.
Rubi
virou-se para Julia e deu-lhe um beijo apaixonado.
-Vamos amor, eu tenho que
dar aula e tu vais comigo, mas antes
passaremos na tua casa para pegar o currículo.
-Tá bom amor.
Levantaram tomaram banho separadas e
foram almoçar , depois de já vestidas, quando estavam prontas saíram com
o carro de Rubi em direção a escola. Ao
chegarem foram para a sala de Carla, a diretora da escola.
-Oi Carla tudo bem?
-Oi Rubi, sente-se melhor?
-Sim, precisava somente uma
boa noite de sono.
-E boa companhia pelo que
vejo.
Rubi corou violentamente.
Carla percebendo o embaraço da amiga e confirmando suas suspeitas deu uma
risadinha.
-Não vai apresentar a
namorada?
Rubi corou ainda mais a pele
branca agora estava da cor da raiz dos cabelos e Julia levou um susto, quase
caiu sentada.
-Er...hum... bem, é, hum...
-Rubi, eu sou tua amiga não
tua mãe, ainda bem, então não enrola.
-Essa é a Julia.
-Ah foi o que imaginei,
finalmente conheci a famosa Julia,
prazer querida. – Disse Carla estendendo a mão para cumprimentar a diretora de
Rubi.
-Prazer Dona Carla.
-Menina, eu não sou dona de
ninguém e nem quero. Só Carla. – Disse a
loira de estatura mediana, olhos castanhos e cabelos lisos curtinhos ate
a nuca.
-Então Carlinha, a Ju precisa de um estágio e eu queria saber se
tu aceitarias que ela fosse minha estagiária de literatura.
-Bah, tu sabes que seria
ótimo e já me mata dois coelhos, eu me livro daquela songa que tá contigo
e já temos quem colocar no lugar, ainda
mais que ela é tua aluna. Não querida, não preciso currículo não, a Rubi me
fala tanto em ti que eu já se a tua vida
de traz pra frente e de um lado para o outro.- Disse ela quando Julia fez
menção de entregar-lhe a folha impecável .
Julia estava embasbacada com
a diretora, não imaginou que ela fosse tão divertida, um humor contagiante,
completamente diferente da Soraia.
- Então começa na segunda
viu meu bem, só deixa a Carla eliminar
aquela ameba.
As três riram com vontade, Julia ficou muito
empolgada com uma oferta de emprego que veio tão fácil.
Rubi foi
trabalhar ,e Julia se escondeu na biblioteca, tinham combinado que assim que
Rubi desse as aulas iriam direto para a
universidade, combinaram que se separariam no estacionamento e se encontrariam na sala de aula.
Quando estava a caminho da
sala de aula, Julia lembrou que precisava ainda passar no Xerox onde pegou o
material da aula do dia segunte. Depois foi para a sala, viu que Rubi já estava
lá, o primeiro período passou tranquilamente , Julia estranhou que Roberta não
apareceu, mas ligaria para a amiga no
dia seguinte, depois da aula foram para o estacionamento pegaram o carro.
Onde quer jantar?
-Sei lá
amor, pizzaria? Restaurante italiano que sei que tu amas?
-Só se
for naquele que a gente ia sempre.
-Certo
Rubi dirigiu ate o
restaurante, quando, chegaram sentaram-se à mesa que sempre costumavam sentar.
O garçom um velho conhecido, reconheceu Rubi,
mas não Julia.
-Dona Rubi quanto tempo,
nunca mais apareceu com a menina Julinha, nunca mais veio aqui.
-Pois é Antonini,
aconteceram algumas coisas, ruins que não pudemos mais vir.
-Namorada nova é madame?
-Não Antonini, sou eu a
Julia.
-Sério? Mas ta muito bonita
menina, nem parece mais a mesma.
-Verdade, a Julinha não é
mais a mesma menininha, se tornou uma linda mulher.
-O que vão querer? O de
sempre?
-Tu ainda lembras Antonini?
-Claro que sim.
-Então pra mim é o mesmo, e pra
ti Bibi?
-Sim, com certeza, que
saudades daquela massa.
-Eu também.
Antonini saiu para fazer o
pedido e deixou-as conversando.
-Nunca mais veio aqui é?
-Aham e pelo jeito nem tu
amor.
-É eu não quis pra não ter
que ficar relembrando, machucaria muito.
-Eu também pelo mesmo
motivo.
-Pois é.
-Os pedidos chagaram e elas
ficaram conversando enquanto comiam. Haviam passado 15 minutos quando a antiga
diretora do colégio de Julia apareceu.
Rubi começou a tremer, olhou
para Julia e indicou-a com a cabeça, Julia olhou disfarçadamente. Rubi tremia
violentamente e ficou completamente pálida. Todas as lembranças voltaram para
ambas. Julia tentou ser mais racional, pois sabia que Rubi precisaria de força
naquela hora, segurou suas mãos a fim de passar força para a amada, dizendo:
-Amor, não fica assim, é
passado, já foi , ela não pode fazer mais nada contra nós meu anjo, está tudo
bem não precisa ter medo, eu estou aqui contigo.
-Eu sei amor, mas voltou
tudo.
-Eu sei Bi, mas calma vai ficar tudo bem.
Soraya identificou Rubi e
aproximou-se.
-Olá Rubi.
-Oi – disse Rubi fria.
-Tu nunca vais me perdoar
não é?
- O que tu achas? Tu me
separastes da pessoa que eu mais amava e que eu nunca deixei de amar.
-Tu achas mesmo que ela
ainda pensa em ti Rubi, tu achas mesmo que ela ainda lembra de ti.
Julia se manteve calada para
ver ate aonde a ex-diretora iria.
-Como se tu não soubesses
como é adolescente, tem um namorada hoje, e amanhã já começa com outra por ter
enjoado da primeira. Já deve ter outra pessoa e nem lembra mais de ti.
-Julia não era assim, nunca
foi.
-Como tu sabes, tu nunca
mais a viste, dúvido que ela tenha passado mais de um mês em busca de um amor
do passado.
Julia furiosa respondeu.
-Na verdade Soraya! Passei
bem mais que um mês, passei exatos 12 anos em busca de um amor do passado.
Soraya ficou muito vermelha,
mas ainda assim respondeu.
-Julinha querida és tu
mesmo, nunca imaginei que fosse tu, tu estás linda nem parece a mesma.
-E tu continuas a mesma
víbora falsa de antes.
-Tu não entendes a minha
posição naquela época.
-Tu poderias ter esquecido
em vez de fazer a idiotice de nos separar, fingistes que não tinha acontecido
nada, quem se importaria? Era só a Sec não saber que ficaria tudo bem, até
porque lá na escola ninguém nunca se importou, todo mundo dava o maior apoio,
nem os pais davam a mínima, sabiam da competência da Bi e só se preocupavam com
as notas dos filhos ,mas não tu tinhas
que ferrar conosco, por quê? O que tu ganhaste com isso? Tenho certeza que
nada. Saiu perdendo uma aluna super aplicada, uma professora competente,
responsável e ética e a revolta de um monte de alunos.
Soraya inventou uma desculpa
e saiu indo para uma mesa e fazendo o pedido. Julia sabia que ela não teria
mais argumento depois do que falara.
Rubi olhou para Julia com os
olhos arregalados, assustada com a coragem de Julia. Sua menina havia realmente
crescido, estava mais forte e decidida. Rubi ficou mesmo muito orgulhosa.
-Pronto amor, vamos terminar de comer, essa interrupção sem
sentido me deixou com ainda mais fome.
Rubi ainda um pouco trêmula
caiu na gargalhada, amava o senso de humor de Julia, era uma das coisas que
mais amava nela.
Julia e Rubi terminaram de jantar e saíram juntas do
restaurante, não se preocuparam em olhar para a mesa de Soraia que ficava ao
lado da porta, dirigiram-se até o carro e seguiram para casa de Julia,
estacionaram o carro na garagem e pegaram o elevador, naquele momento Rubi
percebeu que não aguentaria mais ficar longe de sua menina, e a agarrou,
beijou-a com fome, e não conseguia soltá-la.
Julia
estava adorando aquela iniciativa de Rubi e aproveitou-se da situação
rendendo-se aos braços de sua amada, aceitando a boca de Rubi buscando a dela,
as línguas se encontraram e passaram a fazer uma dança completamente sensual.
Julia não soube como conseguiu entrar em casa,
arrancar as roupas de sua amada e pararem na cama. Amaram-se a noite toda,
diversas vezes e em diversas posições, quando já eram mais ou menos 4h da manhã
as amantes caíram no sono.
O despertador de Rubi tocou
às 6h da manhã, ela estava consciente que não iria conseguir trabalhar, então
ligou para a diretora, da escola disse que não se sentia bem e não poderia
trabalhar, abraçou Julia e dormiu novamente.
Acordaram mais ou menos umas
14h e Rubi preocupada por causa da hora chamou Julia, pois precisava dar aula
as 16h e Julia já iria com ela.
Ao chegarem Julia ficou na biblioteca enquanto Rubi dava
suas aulas, depois foi junto com Rubi fazer um lanche antes de ir para a
faculdade.
Ao subir para a sala de aula
viu que o professor já estava lá e surpreendentemente Roberta também, sentou ao
lado da amiga e ficaram conversando.
Quando as duas aulas
terminaram Julia encontrou com Rubi no estacionamento e seguiram para casa.
-Amor, vai dormir comigo
hoje de novo?
-Não meu amor hoje não vai
dar eu tenho que acordar cedo amanhã
-Ah que pena, e pelo menos
podemos passar a tarde juntas?
-Não amor, tenho aula a
tarde toda amanhã, desculpa viu?
-Tudo bem não tem problema,
a gente se vê a noite.
-Sim pode deixar.
-Amor, vamos encontrar as
gêmeas neste sábado? Elas estão me cobrando.
-Ok meu amor, avisa pra elas
que este sábado iremos passar o dia com elas.
-Tudo bem pode deixar.
Quando chegaram à frente do
prédio de Julia a menina desceu do carro, mas antes deu um beijo em Rubi, foi
direto para o apartamento, parecia estar pisando em nuvens. Chegou em casa se
atirou na cama e ficou lembrando daqueles momentos mágicos com a sua amada,
mandou um e-mail para Lua contando que estava namorando com Rubi novamente e
que a mesma tinha aceito sair no sábado a tarde, só esperava por uma resposta
delas, levantou-se, tomou um banho demorado colocou um pijama e foi dormir.Há
muitos anos que não sentia tamanha felicidade.Percebeu que ter Rubi de volta
era a única coisa que faltava para que sua vida pudesse seguir em frente.
Estava
pegando no sono quando escutou o som de mensagem no seu telefone. Foi ver, era
de Rubi.
“Boa noite anjinho, dorme bem meu amor, que a Deusa te
proteja e que te abençoe. Te amo amor bons sonhos e reserva um deles para ser
comigo.
Ate amanhã, beijos Rubi”
Julia
ficou emocionada e enviou para Rubi também uma mensagem desejando boa noite e
pedindo para que sonhasse com ela. Ainda declarou seu amor pela mesma.
No dia
seguinte despertou com uma mensagem de bom dia enviada por Rubi e ficou muito
feliz por recebê-la, mandou uma de volta levantou-se, fez suas atividades
matinais e foi para o computador, ligou para Rubi confirmando aonde elas iriam,
Rubi aceitou passar a noite na casa de Julia, levaria as roupas junto, baixou
os arquivos das disciplinas do dia, guardou-os na mochila e acessou o MSN conversou por algumas horas com
os amigos, quando viu Roberta chamá-la.
-Pode me
contar?
-Tem que
ser pessoalmente e em particular quero ter certeza que ninguém vai escutar ou
ficar sabendo.
-Eu não
vou contar pra ninguém.
-Eu sei
disso, mas ninguém pode ouvir.
- Na
faculdade tu me contas.
- Não a
gente vai ter que se encontrar aqui em casa ou em um lugar onde não tenha
ninguém, ideal mesmo é aqui em casa, se tu quiseres vir segunda feira e ir comigo
pra aula perfeito.
-Não
pode ser amanhã?
-Não
amanhã eu tenho compromisso, e domingo também, é melhor segunda mesmo.
-Tá
então, que horas eu vou aí segunda?
-Pode
almoçar comigo se quiser.
-Pode
ser.
-Ok
então, combinado, nos vemos mais tarde
na aula. Beijos.
-Beijos
até, te cuida, e não te atrasa viu?
- Aham
pode deixar.
Chegou à
faculdade e foi direto para a sala, o professor já estava lá, o primeiro
período passou tranquilamente e Felipe pelo que parecia havia parado com suas
indiretas, mas Julia não sabia se ele não estava planejando algo ou tinha mesmo
desistido. Quando terminou o primeiro período, pegou seu dinheiro e seu celular
descendo ate o bar com Roberta, Rubi não havia mandado mensagem nenhuma então
achou que ela poderia ainda estar em sala de aula. Estavam as duas sentadas
conversando, quando Julia sentiu uma mão feminina no seu ombro, olhou para cima
e viu o olhar angelical de Rubi a encarando.
-Oi
professora, tudo bem?
-Oi
Julia, oi Roberta, como estão?
-Muito
bem. –Disse Julia animada.
-Julia
teria como tu ires ali um pouquinho comigo? Eu preciso ver uma coisa contigo.
-Ah sim
claro Rubi. Beta, já venho.
-Aham tá
bom.
Julia e
Rubi saíram do bar e foram para algum lugar vazio para poderem conversar
melhor.
-Oi
Juli! Como foi teu dia?
-Foi bom
Bibi, mas senti tua falta, tu não mandaste sms nem nada.
-Ah meu
anjo, desculpa, o dia foi muito cheio, tive aula para dar o dia todo, só parei
para almoçar e já tive que dar aula de novo.
-Aiii
tadinha da minha linda. Quando a gente for pra casa eu te faço uma massagem e
cuido de ti tá bem?
-Aham
Ju, obrigada, eu estou precisando mesmo.
-Eu sei.
Amor eu contei pra Beta.
-Julia,
eu não acredito que tu fizeste isso, se ela fala pra alguém eu posso ser
demitida.
-Amor,
eu falei do estágio.
-Ai, que
susto, nunca mais faz isso.
-Desculpa.
Julia
olhou o relógio e viu que faltavam cinco minutos para ir pra aula e se despediu
de Rubi. Encontrou Roberta no bar e foram para a sala de aula.
Ao final
da segunda aula da noite, Julia recebeu uma sms de Rubi avisando que a
aguardaria no estacionamento.
Julia
sentiu seu coração saltar, pegou o material e foi ao encontro da amada.
Chegando lá viu Rubi na frente do carro, fazendo sinal para que se aproximasse.
Entrou
no carro, colocou o cinto de segurança a mochila no chão do mesmo e encostou a
cabeça no encosto, fechando os olhos e relaxando. Rubi olhou para ela sorrindo,
arrancou o carro e foram embora.
Vendo
que Julia voltou a prestar atenção nela resolveu puxar assunto.
-Como
foi de aula amor?
-Chata,
o professor André é um idiota, nem sabe dar aula, sabe ele nem sabe falar em
inglês direito, isso irrita muito.
-Sério
amor? Pensei que ele fosse mais competente.
-É eu
também, estava apostando tudo nesta disciplina. Mas não quero falar em aula
não.
-Ok Ju!
Foram diretamente para a
casa de Julia onde jantaram somente um sanduíche e foram deitar, se amaram boa
parte da noite e dormiram umas 3h da manhã, Rubi baixou o volume do celular e
ajustou o despertador para as 10h, não queria que Julia acordasse cedo, estava
planejando uma surpresa para ela.
Não li tudo ainda mas o início está muito bom! Congrats!!
ResponderExcluirObrigada Carla, espero que goste, recém é o primeiro capítulo, daqui um tempo posto os outros, o livro ja está pronto, mas está na correção, por isso estou postando um por vez
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