domingo, 20 de janeiro de 2013

Cap I O Reencontro



Julia tinha 28 anos, morava sozinha em Porto Alegre, Rio Grande do Sul e estudava letras  em uma universidade. Era homossexual assumida e um dos motivos de morar sozinha foi se assumir para a família, sua mãe não aceitava que Julia levasse as namoradas para passar a noite em sua casa, então comprou com o pai um apartamento onde poderia ter mais liberdade. Julia já era assumida há alguns anos e não tinha vergonha de sua orientação sexual, era uma menina esguia de cabelos loiros lisos de grandes olhos azuis com um sorriso muito alegre e simpático. Na infância tivera sua primeira namorada Daniela, mas quando os pais delas descobriram separaram as meninas, apesar disso, elas continuavam se comunicando e namoravam escondidas.
Dois anos depois conhecera Rubi sua professora de Língua portuguesa e Literatura Brasileira, com quem namorara por dois anos letivos, mas foram descobertas, a escola demitiu Rubi, expulsou Julia e uma nunca mais soube outra, não foi por falta de busca de ambas as partes,  mas não tiveram sucesso. Agora Julia estava voltando para a faculdade. As férias haviam sido muito boas, mas estava com saudades dos colegas e professores e com certa esperança neste semestre, pois teria outra professora de Português e literatura, pelo que vira no horário, seu nome também era Rubi.
Era primeiro dia de aula do terceiro ano da faculdade, ela estava conversando com os amigos após suas longas férias, contando as novidades, rolos e tudo o mais quando ela foi surpreendida pela mais bela visão. Era uma mulher muito alta, com um corpo escultural cabelos ruivos cacheados, um andar delicado, com um sorriso no rosto e olhos muito claros, parecia estar deslizando por uma passarela, quando Julia foi olhar de novo para aquela aparição divina ,ela simplesmente havia desaparecido, Julia estava bem acostumada com estas aparições relâmpago das pessoas no campus, mas esperava que desta vez fosse diferente.
 - Julia tu viste aquela mulher que passou? - Perguntou Roberta – Que linda não?
- Ai Beta nem fala, quase perdi o ar agora, só de ver e acho que a conheço de algum lugar, mas ainda não estou certa, espero que seja quem estou pensando, então, finalmente minha busca terá acabado.
Subiram para a sala de aula e encontraram o professor de Inglês esperando pela turma.
“Ainda bem que é primeiro dia de aula hoje, não tem nada importante, posso fingir que estou prestando atenção e pensar naquela Deusa grega, com a beleza de Afrodite, à vontade”. Pensou Julia com um sorriso sonhador no rosto o que chamou a atenção de seu colega Felipe, Julia não o suportava, ele ficava assediando-a o tempo todo e por mais que ela pedisse para ele parar simplesmente continuava.
- Então Ju, que sorriso bobo é esse? Pensando em mim?
- Nada a ver né Lipe, tu sabes muito bem que não faz meu tipo, e tenho muito mais em que pensar, estou pensando, numa proposta de emprego que me fizeram, vou ser entrevistada amanhã.
- Sei, sei! Boa sorte então – disse Felipe desconfiado, tinha certeza que não era a respeito de proposta de emprego coisa nenhuma, mas, preferiu ficar quieto, um dia ele ainda faria Julia mudar de idéia quanto a sua orientação sexual e iria correndo pra ele.
- Obrigada Lipe – Idiota este cara, não agüento mais ele em cima de mim o tempo todo, tenho que me lembrar de confirmar essa história amanhã, ainda bem que minha memória é boa, se não, daqui a cinco minutos eu já teria esquecido. – Pensou Julia irritada, mas logo a imagem da bela ruiva reapareceu em sua mente.
Finalmente depois de muita enrolação do professor, eles foram liberados no intervalo, pois no segundo período não teria aula, a professora havia faltado. Julia conhecia muito bem esta professora ela sempre falhava. Então pegou seu MP4 e foi até a parada do ônibus. “Espero que chegue logo, não estou nem um pouco a fim de ficar esperando horas o ônibus.”
Chegou em casa e foi jantar, não conseguiu sentir o gosto de nada,só conseguia ver o rosto da estranha na sua frente. Só tinha um pensamento, será que era ela? Seu grande amor do passado cuja separação fora iminente?
Sentou-se em frente a escrivaninha, colocou uma música ambiente em seu computador e  foi fazer o que mais amava, puxou o caderno sem linhas e se concentrou no romance que estava escrevendo. Um romance que contava a história de duas almas gêmeas que se reencontravam por muitas vidas. Escreveu algumas páginas e foi tentar dormir com o mp4 no ouvido. Estava muito calor aquela noite, foi tomar um banho para se refrescar e tentar dormir novamente.
-Pelos Deuses, já são mais de meia noite, e eu não consigo dormir, preciso realmente acordar cedo de manhã.
Quando viu que não iria conseguir dormir, levantou-se da cama, acendeu uma vela em seu altar e começou a meditar sentada no tapete redondo felpudo azul que tinha no centro do quarto com o desenho de um pentagrama , geralmente conseguia ter mais sono quando forçava o espírito a se desprender do corpo. Uma hora depois despertou e muito sonolenta foi para a cama dormir.

Eram seis horas da manhã quando acordou subitamente, sabia que não era sonho depois de anos de estudos viu que aquela cena fora bem real, sonhara com Rubi, ela dizia que as desconfianças de Julia não eram totalmente infundadas, Julia pediu que Rubi ficasse com ela e dissesse onde estava, pois sentia muito a sua falta, Rubi somente respondeu com um sorriso emocionado, percebeu ate lágrimas em seus olhos, correu para abraçá-la, as duas saíram de mãos dadas em uma paisagem muito bonita onde havia uma cachoeira e uma mata cheia de árvores, o lugar parecia sagrado, de uma energia muito pura e bastante acolhedora. Julia falava com ela, mas Rubi não emitia qualquer som embora a consolasse, ao ver seu pranto,a única coisa que dissera, foi que as desconfianças de Julia poderiam não ser infundadas. Após isso Rubi foi desaparecendo aos poucos ate dissipar completamente. Julia ficou frustrada e transtornada a procura de respostas que nunca chegavam, mas tinha confiança e agora esperança que talvez após muita busca , e muitos anos de espera,  iria reencontrar o grande amor de sua vida. Ficou animada com este pensamento.
Levantou-se, tomou café da manhã, escovou os dentes e voltou ao quarto, ligou o notebook e fez uma breve anotação para não se esquecer da desculpa que havia dado ao Felipe, para não passar vergonha mais tarde na aula.
Ligou a televisão para assistir as primeiras notícias da manhã enquanto se vestia com uma roupa confortável, estava afim de sair, dar uma caminhada por alguma praça e ir ao shopping comprar um sapato que havia visto em uma loja.
Chegou ao shopping e foi comprar o sapato, quando uma pessoa passou por ela em um corredor dando-lhe um encontrão que quase a derrubou. Julia já ia xingar ,quando viu quem era.
- Dani, eu já ia te xingar , quanto tempo!!! Saudades de ti, desde o colégio que não a encontro, o que tem feito? Menina, tu estas linda demais, nem parece a mesma, mas não tinha como eu não te reconhecer.
- Ju, desculpa pelo encontrão estou morrendo de pressa, anota aí meu telefone que depois a gente conversa direito, mas muito bom te ver, tu também estas linda demais, estou com muitas saudades daquele tempo. – Olhou para Julia com um sorriso safado – Vamos marcar pra matar a saudade.
- Claro, claro, vamos sim! – Disse Julia com um sorriso sedutor.
Após trocarem telefones, se despediram e Daniela foi embora. Julia seguiu em frente e foi procurar a loja para comprar o sapato. Andava pensativa , quanto tempo não via Daniela, sua melhor amiga de colégio, primeiro amor e sua primeira namorada, mas passaram-se os anos após a escola e nunca mais se encontraram, Julia continuou namorando outras meninas e agora ao ver Dani não sentiu a mesma coisa, percebeu que não sentia absolutamente nada mais por ela, somente amizade. Mas seria divertido relembrar os velhos tempos com a Dani, aquela menina tinha um fogo!
Ao sair da loja, resolveu almoçar no shopping mesmo depois iria para casa tomar um banho quente, arrumar o material e ir para a aula, decidiu passar primeiramente na biblioteca para retirar alguns livros que estavam em sua lista no plano de ensino, para assim tirar cópias de algumas partes importantes.
Ao sair da biblioteca com uma pilha de livros nos braços algo a paralisou, aquela linda mulher estava em sua frente novamente, e ela, ficou completamente sem saber o que fazer, não conseguia nem se mover, não conseguia falar, mas uma voz doce a tirou de seu transe.
- Oi, tudo bem? Quer ajuda, esta pilha deve estar pesada.
Julia sentiu a boca secando, ficou alguns segundos sem conseguir falar, mas respondeu meio gaguejando pelo nervosismo.
- C-claro, obrigada.
- Pra onde está indo?
- Sala 401, sabes onde fica?
-Sim, estou indo pra lá também.
-Hum, afinal, quem é você? Ontem te vi de relance, e não parei de pensar em ti, pois acreditava que te conhecia de algum lugar.
- Eu sou Rubi, professora de literatura e estudos gramaticais da língua portuguesa e tu?
- Rubi? Eu tive uma professora chamada Rubi no ensino médio no primeiro e segundo ano, me dava aula das mesmas disciplinas que tu e o nome de vocês não é muito comum , e ainda por cima vocês são iguais, não pode ser coincidência, pois coincidência não existe.
- Uau- disse Rubi, incrível pode mesmo ser eu, qual a escola?
Julia disse o nome da escola e Rubi saltou para traz.
-Não acredito, eu trabalhei mesmo nessa escola,  mas fui demitida.Qual teu nome?
-Julia, meu nome é Julia Almeida. -Dizendo isto estendeu a mão para cumprimentar professora. Ficou com as mãos suadas ao sentir o leve toque das mãos longas e macias.
Rubi ficou calada e começou a tremer violentamente, sua loirinha tinha voltado, sua busca havia acabado, mas e o medo de envolvimento e ser demitida novamente, e tudo se repetir. Não, agora Julinha era adulta, mas tinha que descobrir mais coisas sobre seu grande amor, se ela tinha alguém, se estava solteira, se ainda pensava nela entre outras coisas.
-Então tu és a mesma Julia que eu dei aula, incrível como é a vida não é Ju? Depois de tudo o que passamos nos encontramos na mesma faculdade onde eu dou aula e de novo serei a tua professora.
-Verdade Bi, é difícil mesmo acreditar que eu finalmente te reencontrei, depois de todos esses anos, já estava começando a perder as esperanças,  mas quando olho as nossas fotos que eu deixei guardadas, as esperanças voltavam ainda mais fortes e eu recomeçava as buscas por ti e nada, nem internet, nem nada, não encontrei em lugar algum, então, resolvi fazer letras pois sabia que tu dava aula em uma universidade, mas não me lembrava em qual, então estudei muito para entrar , tentei em todas as que tinham e decidi que a que eu passasse era na que tu estaria, e bom aqui estou eu, não? Achei muito estranho não te encontrar em lugar na internet, nem o teu mestrado, nem nada, procurei colegas de escola, e aos que encontrei perguntei se sabiam de ti e todos unânimes dizendo que nunca mais te viram, nem professores tinham notícias, eu estava apavorada Bi. Mas agora que te encontrei estou bem mais tranquila de saber que tu estás bem e que estás perto.
- E eu me sinto muito bem de saber que tu também estás bem Juli, senti muito a tua falta, muita mesmo, e tu continuas linda.
-Tu, também, e por incrível que pareça tu não mudaste nada, quantos anos tu tens agora?
-Isso é pergunta que se faça menina?- Disse Rubi fingindo irritação.
Julia riu, sabia que seu antigo amor, estava brincando com ela.
-Eu estou com quarenta agora, e tu?
- Viu, estou dizendo tu não mudaste nada, nunca que eu te daria quarenta anos, eu te daria no máximo uns 35 . Bom respondendo a tua pergunta eu estou com vinte e oito mas agora em março faço 29, entrei bem tarde na universidade, o que me arrependo, deveria ter entrado antes, minha busca teria terminado a muito tempo pelo menos eu acho.
-E tu continuas doce, sempre simpática e me agradando. Sempre tentando me animar.
            Julia só teve tempo de sorrir, pois perceberam estavam em frente à sala de aula e encerraram o assunto com uma promessa silenciosa de continuarem mais tarde.
Ao entrarem na sala de aula alguns minutos depois, Julia percebeu que Roberta havia guardado um lugar para ela ao seu lado.
Quando estava colocando o material na mesa e Rubi passando sua metade de livros para ela, Julia ouviu alguém chamando por ela.
- Hei, Julia senta aqui do meu lado.
Ela virou para traz e viu Felipe, só acenou a cabeça negativamente virando para frente novamente, sentou ao lado da amiga e virou para Rubi sorrindo.
-Valeu Bi.
-De nada Ju
A professora então começou a se apresentar.
- Oi pessoal, tudo bem? Meu nome é Rubi e vou dar aula de literatura brasileira II para vocês este semestre, sou formada pela UFRGS mestre literatura Brasileira e doutora em Estudos gramaticais na língua Portuguesa. Vou passar para vocês também o plano de ensino que já está na página do aluno.
Julia neste momento sentiu um cutucão nas costelas, olhou para Roberta massageando-as e viu um bilhetinho em cima da mesa.
“Mistério desvendado então, descobrimos quem é a Deusa misteriosa, e nossos babacas e queridos colegas estão babando feito uns idiotas, e tu ainda vieste conversando com ela, sortuda! Que intimidade, já se conheciam antes?”
Quando Julia amassou o bilhete escutou Rubi chamando a sua atenção.
- Julia, o papel está mais interessante que a apresentação da disciplina?
Julia ficou vermelha e trêmula baixou a cabeça e respondeu.
- Desculpa professora eu estava vendo um recado que a Roberta me passou aqui sobre um curso que estamos fazendo extraclasse, desculpa mesmo. - Disse Julia no momento em  que colocou o papelzinho dentro da bolsa, assim não teria risco de Rubi pedir pra ler, pois pelo que notara ela poderia ser bem capaz de fazer isso, Rubi quando lhe dava aula na escola fazia o tempo todo e não era somente com ela, riu silenciosamente com este pensamento, voltando a prestar atenção na professora, estava com o plano de curso a mão quando ela voltou a falar no mesmo após a interrupção.
Após o final da aula Julia e Roberta estavam saindo juntas para o intervalo quando Roberta falou.
 - Agora podes começar a contar como foi o encontro com a Rubi, ela já sabe até teu nome, memória boa, duvido que lembre do meu e que intimidade, já se conheciam?
- Cala a boca Beta, ela está ali ainda, deve ter escutado o que tu disseste, maluca.
- Ops, desculpa esqueci, na real nem me liguei.
- Ai menina tu és doida mesmo. La embaixo eu te conto e bem longe dos ouvidos alheios.
Após descerem as escadas para o bar do prédio Julia desatou a falar.
- Eu estava saindo da biblioteca, com uma pilha de livros e ela me encontrou no meio do caminho, me ofereceu ajuda para carregar os livros até sala de aula, mas antes perguntei quem era ela, daí ela me disse o nome e eu o meu.
- Hum, que legal, e aí, boa de papo?
- Sei lá a gente passou maior parte do caminho em silêncio, mas eu descobri de onde eu a conhecia,  foi minha professora no segundo grau. Éramos muito amigas, é bom saber que ela está dando aula pra nossa turma, foi sem dúvida alguma a melhor professora que eu tive no meu ensino médio. – Não poderia contar o que havia acontecido, sabia que Roberta era sua amiga e tudo o mais, mas era desligada e uma hora ia falar alto demais ou perto de quem não poderia escutar.
- Ah não acredito Julia que tu não perguntaste nada, se é casada, bi, lésbica, se tem filhos, se mora sozinha e tal.
- Beta, tu se esqueceste de um detalhe, ela não é nossa colega, nem uma amiguinha qualquer e muito menos alguma gatinha do leskut, ela é nossa professora guria, te liga claro que eu não perguntei, desnecessário.
- Como assim desnecessário? Tu sabes a resposta, né?
-Na verdade eu não sei se ainda sei, mas vamos mudar de assunto, eu to morrendo de fome!
- Quando é que tu não estás morrendo de fome? Tu és toda magrinha, não entendo, pois comes um monte e não engorda.
-Besta. – Disse dando um soquinho no braço da amiga, dando um sorriso franzindo o nariz.
Foram para a lancheria da faculdade e sentaram para comer alguma coisa.

- Te liga terminou o intervalo, vamos pra aula? – Disse Julia massageando o estomago com um sorriso no rosto.
- Sim, vamos.
Quando as duas meninas chegaram à sala de aula deram de cara com Rubi,
- Bah, ela gostou mesmo da nossa sala de aula, ou está esperando por alguém – Roberta falou olhando para Julia com um sorriso safado.
- Beta, cala a boca, o que ela vai pensar.
- Ai Julia, to brincando, tu estás muito estressadinha.
- To nada, tu só tens que aprender a falar na hora certa, guria.
- Bom vamos entrar.
Entraram na sala de aula e Rubi foi para frente do quadro.
- Embora definitivamente algumas pessoas não estejam felizes com a minha presença, ou estejam somente querendo chamar a minha atenção com indiretas um tanto infantis, quero deixar claro que estou aqui para dar aula para vocês não por qualquer outro motivo, e olhou irritada para Roberta.
Roberta percebendo o que a professora quis dizer ficou muito vermelha, mas Julia não soube em nenhum momento dizer se era de vergonha ou raiva.
Julia escreveu um bilhetinho e dobrou-o deixando no canto da classe, quando fosse possível passaria para o destinatário.
Roberta olhou para Julia com um olhar como que esperasse que lhe entregasse o bilhete.
Quando Rubi terminou de apresentar o cronograma, Julia levantou lentamente e colocou o bilhetinho na mesa da professora e saiu, fingindo ir ao banheiro. Na volta viu que Rubi estava sentada à mesa lendo o bilhete, quando viu a aluna sentando em sua classe fez um sinal afirmativo com a cabeça e começou a passar algumas explicações no quadro branco. Ao final da aula quando todos os alunos foram embora e ficaram somente, Rubi, Julia e Roberta na sala, Julia virou para a amiga e falou.
- Beta eu preciso falar uma coisa aqui com a professora, nos vemos amanhã ok?
- Tá né – Disse Roberta saindo da sala pisando duro.
Voltou-se então para Rubi com o rosto um pouco mais corado que o normal.
            - Então Juli! Qual o assunto?
             - Quero pedir desculpa pela idiota da Beta Bi, ela é um pouco desligada, não queria que ela tivesse falado estas coisas na tua frente, me deixou envergonhada, fiquei pensando no que tu ia pensar, ela falando aquilo tudo. Sabe, a Beta é uma ótima pessoa,  mas as vezes me deixa bem constrangida.- Julia acariciava os cabelos fartos da professora enquanto falava.
            Rubi sentiu uma contração maravilhosa na barriga enquanto a aluna  fazia as carícias.
            - Tudo bem Juli, acontece, eu percebi que ela é bem empolgadinha e novinha demais, me lembras quando te conheci, mas tu eras ainda mais novinha.
            Rubi colocou a mão em cima da coxa de Julia e começou a acariciar a mesma retribuindo o carinho da aluna, lembrando do início do namoro delas,   sentiu lágrimas escorrerem  pelo rosto.
            Julia viu um vestígio de lágrimas em Rubi e se adiantou a secá-las ainda deu um abraço forte na sua amada, sabia que era a única coisa que resolveria.
             - Bi não fica assim, estou aqui agora, vou cuidar de ti eu prometo.
            Rubi começou a se acalmar e virou pra Julia sorrindo.
            -Obrigada Juli. Obrigada mesmo por estar aqui comigo e por não ter em momento algum desistido de mim.
             Julia ficou emocionada, mas manteve o controle, não sabia a situação atual de Rubi não queria por nada em risco, não iria ser igual ao que acontecera com elas no passado, não permitiria isto, estava disposta a fazer tudo certo desta vez
            -Bi, eu preciso ir, estou super  cansada e ainda tenho que pegar dois ônibus para ir para casa.
Rubi não querendo ficar mais tempo longe de seu amor, perguntou onde Julia morava, quando ela respondeu percebeu que ambas moravam próximas e ofereceu carona para a aluna até em casa. Julia aceitou.
Desceram as escadas abraçadas, mas em silêncio até que Julia resolveu puxar assunto, queria saber o que acontecera com o seu amor.
- Trabalhas a muito tempo aqui?
- Sim, uns 15 anos, lembras né, que te falei que eu dava aula no curso de letras.
- Sim, mas não lembrava em qual universidade. Da aula em outro lugar além daqui?
- Sim, dou aula em uma escola para o ensino fundamental e médio, português e literatura. Tu ainda escreves minha linda?
-Nunca vou esquecer nem entender a tua empolgação com gramática Bi, nunca mesmo. Sim escrevo! Estou escrevendo um romance, mas também escrevo algumas poesias.
-Romance é? Sobre o que?
-Duas almas gêmeas que passaram por diversas vidas juntas.
-Que estranho,  atá parece que eu conheço esta história.
-Sério? Impossível moça, qualquer semelhança é mera coincidência. – Sorriu franzindo o pequeno nariz empinado.
            Rubi com essa afirmação caiu na gargalhada, uma gargalhada gostosa que a pequena adorava.
-Tu continuas a mesma, mocinha.
- A tua gargalhada continua maravilhosa amor. – Julia se deu conta do que havia falado, mas não se arrependeu Rubi era o seu amor.
Rubi a encarou, mas continuou calada.
Chegaram ao estacionamento e entraram no carro de Rubi, que resolveu saber como sua linda havia passados todos estes anos. Colocou uma mão na direção e a outra na coxa de Julia , como costumava fazer anteriormente, e Julia, colocou a mão em cima da de Rubi e ficou acariciando durante o trajeto.
            - Então Julia, ainda moras com teus pais?
             - Não, moro sozinha, mas recebo uma pensão, pois como não estou empregada ainda, essa é minha fonte de sustento.
            - Sim entendo.
Ficaram alguns minutos em silêncio quando Rubi tornou a falar.
            -Só fez esta faculdade ou fez alguma outra coisa antes?
            - Fiz alguns cursos de poesias, redação, massagem, eu sei que não tem nada a ver, mas eu sempre gostei. Depois, fiz vestibular, achei mais fácil de te encontrar. Fiz alguns cursos de leitura, ou literatura ou Língua Portuguesa, tudo para ver se eu te encontrava, mas nunca aparecia em lugar algum. Além do mais eu sempre gostei disso, claro que terminei meu curso de inglês e por alguns anos dei aula em cursinhos, comecei também um cursinho de Francês e outro de espanhol ,mas o de espanhol não aguentei ,mas o de francês eu ainda faço todos os sábados.
            -Francês é uma língua linda. Sempre gostei.
            -Eu sei, mas era meu sonho desde criança.
            -Eu lembro. Algumas coisas eu até te ensinei.
            -Verdade.
            -Conta Juli, que mais que aconteceu na tua vida?
            -Não sei o que tu queres saber Bi hehehehe.
            -Ok namoras, casaste?
            -Não e não. Tive algumas ficantes, algumas namoradas que não passaram de um ano,  mas nunca era pra valer, preferi dar mais atenção aos estudos e seguir com meu objetivo que era te encontrar, todos diziam para parar, para desistir mas eu sempre fui teimosa e insistente, lembra ?E não desisti, eu não iria parar até te encontrar, até saber pelo menos alguma notícia tua.
            Rubi ficou emocionada, sua menina, tinha desistido de tudo e posto ela em foco, mas ainda não sabia se Julia realmente sentia algo por ela, mas iria descobrir, não agora, pois estavam quase chegando e queria ter assunto para os outros dias.
            - Bom Bi, chegamos! - Disse Julia localizando-se na rua escurecida-, Nos vemos amanhã então na aula de português?

            - Sim, sim, nos encontramos lá, tchau Juli, foi muito bom te reencontrar ,amanhã seguimos nossa conversa, temos assunto de 12 anos para colocarmos em dia certo?
            - Isso mesmo. Boa noite dorme bem. Te cuida. Só mais uma coisa – Pegou um cartão na sua carteira onde havia seu número de celular e de casa anotado – qualquer coisa que precisar linda, me liga tá?
Deu abraço apertado em Rubi e um beijo no canto do lábio, saiu do carro e nem deu tempo de Rubi responder, foi direto para o prédio, estava pulando de alegria que reencontrara Rubi, perguntaria mais sobre a vida dela no dia seguinte, saberia o que aconteceu com ela sobre sua vida amorosa e tudo o mais, ela queria mesmo fazer a coisa certa desta vez.
No dia seguinte levantou cedo, tomou café, assistiu o jornal da manhã e ligou o notebook para ler o Times, gostava de estar por dentro das notícias do mundo, abriu a página da faculdade entrando assim na página do aluno, colocou o login e a senha e foi ver se os professores já haviam colocado algum material ou o plano de ensino, viu que Jorge, o professor  que dava aula de inglês, e Rubi, já tinham colocado os planos de ensino e material para download. Baixou o material de ambos e imprimiu colocando na pasta sanfona que costumava levar para a aula, deixando uma cópia nas pastas de ambas as disciplinas no computador. Deu mais uma olhada no plano de ensino de Literatura em busca de livros literários para comprar ao longo do semestre, anotou os que ainda não possuía e acessou o site da livraria para pesquisar os valores, depois de anotar, decidiu acessar o MSN para conversar um pouco com algumas amigas que havia algum tempo não falava, passou a manhã e parte da tarde, matando a saudade de algumas delas, quando viu a plaquinha de Beta subindo.Clicou na mesma e chamou a colega,
            - Oi Beta!
            -Oiii amigaaaaaa, conta tudo, como foi a conversa com a Rubi?
            - Beta, para com isso, para de me jogar para cima da mulher, tanto eu quanto ela nos sentimos muito mal com aquelas piadinhas sem noção que tu largaste ontem. Parece criança cara, poxa que droga, para com isso, tu já passou da idade para fazer esse tipo de palhaçada.
            - Aiii que stress, eu tava brincando.
            -Sim eu sei disso, mas ficou chato, tipo não faz mais ok.     
            - Ta né, já deu o sermão?
            - Já.
            - Então agora começa a contar.
            - Contar o que criatura.
            - Sobre a conversa, o que vocês falaram.
            -Nada demais, eu fui me desculpar pelo mico que tu me fizeste pagar.
            - Dramática.
            -Dramática nada, e depois disso,  ela me deu carona.
            -O QUE?
            - Carona, quando a gente oferece pra levar uma pessoa de carro até um certo lugar sem cobrar nada.
            - Eu sei o que é carona Julia.
            -To brincando!!!
            - Agora conta, sobre o que falaram?
            -Segredo... hahahahaha
            - Pentelha.
            -Não conto, vai ficar curiosa.
            - Tá né, eu pergunto para Rubi então.
            - Não vai mesmo, se tentar eu te amordaço. To indo pra aula, vê se não se atrasa, até mais tarde, bjos te cuida
            Julia colocou o material na mochila pôs o notebook na pasta junto com o material e saiu de casa para ir pra faculdade, chegando lá subiu até a sala de aula e sentou para esperar. Sentiu alguém aproximar-se e instintivamente olhou para o lado antes de liberar a cadeira para a pessoa sentar. Era Rubi com seus lindos olhos cor de mel olhando para ela com um meio sorriso.
            - Oi Bi, senta aqui, - disse tirando o material da cadeira dando lugar para  a professora sentar - como foi o teu dia, e obrigada pela carona ontem me quebrou um baita galho.
            Rubi prontamente sentou e colocou a perna em cima da coxa de Julia que colocou a mão em cima da perna de Rubi que ficou acariciando a mão da aluna.
            - De nada Juli, foi um prazer e meu dia foi ótimo, acordei muito animada, fazia anos que não me sentia assim e o teu?
            -Perfeito, acordei muito animada hoje também principalmente depois de descobrir que não fora somente um sonho.
            Rubi caiu na gargalhada, estava com saudade do senso de humor da sua menina.
            Depois dessa Julia fingiu estar magoada e fez beicinho, Rubi riu mais ainda.
            -Os anos passaram e a senhorita continua a mesma não é mesmo dona Julia.
            -Ah Bi só envelheci, o senso de humor e o espírito de porco continuam os mesmos. - Disse isso dando um sorriso brilhante para  a professora.
             - Ju, chegou a ver que pus material para hoje na página do aluno?
            - Ah sim, inclusive já imprimi.
            - Continuas competente né?
-Eu disse que só envelheci Bi.
            Até que sentiu uma mão masculina no seu ombro e virou, era Felipe. Rubi se levantou muito rápido, quase derrubou a mesa. Julia se controlou para não rir.
            - Oi Ju.
            -Oi Lipe.
            - Como foi a entrevista?
            -Interessante,  era numa empresa como tradutora, ficaram de me retornar.
            - Hum, posso sentar?
Rubi não estava gostando nem um pouco da forma como aquele rapaz tratava Julia, já estava quase pulando no pescoço dele quando seus olhos cruzaram com a calma e a tranquilidade dos olhos da pequena, então ela se controlou.
- Não Lipe, tu sabes que quem sempre senta aqui é a Beta.
            - Ah sim a tua namoradinha.
Nesta hora Rubi arregalou os olhos e contorceu o rosto coberto de ciúmes, mas não comentou nada, Julia achou fofo o ciúmes infundado da amada, mas não mudou em momento algum sua expressão para que ela se tranquilizasse.
            - Lipe, tu sabes muito bem que a Beta não é minha namorada. E não começa.
            Rubi respirou mais tranquila, depois que Julia negou esta suposição.
            - Ta bom então, mas um dia tu vais correr pra mim.
            - Senta então, tu sabes que vai cansar.
            -Que nada.
            - Ai Lipe para com isso, guri chato.
            Rubi virou para Felipe e perguntou.
            - O Felipe, tu chegaste a imprimir o material que eu deixei na página do aluno?
            - Nem vi que tu tinhas posto qualquer coisa, mas quando for pra casa eu imprimo.
            - Mas é pra hoje.
            - Bom não sei, eu peço para alguém e tiro um Xerox.
            - Ok.
            - Julia me emprestas?
            - Como tu sabes que ela tem?
            - Ah professora, a Julia sempre tem o material no dia da aula.
            - Ah entendi.
             Quando os alunos foram começando a chegar a aula teve início.
            -Oi meus anjos, boa noite, todos imprimiram o material que deixei na página do aluno:
            Muitos alunos responderam que sim.
            -Amados, vocês sabem que é necessário que todos vocês tenham o material, até porque para aprender gramática, tem que praticar e ler  muita teoria, e sem o material para acompanhar o que está sendo explicado, vocês vão acabar se perdendo.
            -Ai sora – Disse, Alice – Eu não tenho impressora e no meu trabalho eles não deixam imprimir, então eu não tenho como fazer as cópias.
            -Gente, vocês precisam dar um jeito nisso, até porque eu não aceito trabalhos por e-mail e nem fora do prazo.
            Neste momento, Julia sem sucesso teve que segurar a risada, o que mais pareceu o espirro e uma fungada muito estranha.
             -Algum problema Julia?
            -Não sora, tudo certinho por aqui, obrigada.
            -Mas como eu ia dizendo...
Neste momento Roberta chegou à sala de aula e todos ficaram olhando para ela.
Roberta sentou no lugar de sempre, ao lado de Julia e ficou olhando para o quadro esperando que as palavras escritas por Rubi saltassem do quadro e entrassem no seu caderno.
            -Beta tu não pegaste o material?
            - Não, tu não me disseste que tinha.
            Rubi ouviu a conversa das alunas e como já estava irritada com Roberta, se meteu no assunto.
            -Querida, a Julia não precisas te falar quando tem material na página, tu que tens que buscar.
             Roberta ficou furiosa não aceitava crítica de ninguém principalmente de professores.
            - Eu não te perguntei.
            Toda a turma ficou em um silêncio mortal e todas as cabeças se voltaram para Roberta, Julia olhou para a amiga com um olhar assassino que a fez calar no mesmo instante. Após tal incidente a aula correu normalmente.
            Após a aula Julia não sabia onde meter o rosto saiu correndo da sala de aula com Roberta seguindo-a. Julia virou para traz com um olhar feroz e disse.
            - Some de perto de mim, ainda bem que eu não tenho mais aula hoje, pois eu não quero olhar na tua cara por um bom tempo.
            E saiu indo para as escadas e de lá para fora da instituição, quando estava no meio da lomba que levava para sua parada, ouviu uma buzina e seu nome,
            -Julia!
            Julia correu até o carro e viu Rubi ali dentro.
            -Entra.
            - Nem pensar!- Respondeu com o rosto vermelho de vergonha.
            -Não seja tola, entra.
            Julia entrou no carro, e colocou a mochila entre as pernas .Estava muito vermelha, não sabia se era de vergonha ou raiva mas teve certeza que eram os dois sentimentos. Rubi prontamente percebeu que a  aluna estava estressada, e acariciou seu rosto com muita calma tentando fazê-la se acalmar
            - Sabe, tem dias, que se eu pudesse, matava a Roberta.
            - Imagino porque hahahaha.
            -Guria sem noção aquela. Ai nem sei o que dizer.
            -Não fala nada, não vale à pena.
            -Verdade. Mas ela foi grossa contigo Bi.
            -Eu sei linda, mas não me importo, já foi o tempo que eu chorava por isso, agora se fosse tu ,meu anjinho, seria bem diferente. Vejo que ainda carrega o pentagrama, no pescoço.
            -Pois é me ensinaram quando fui iniciada há 12 anos, que não posso tirar do pescoço se não podem acontecer coisas horríveis sabias? Então resolvi seguir este conselho.
            Rubi riu novamente, gostou de ver que ela se lembrava dos seus ensinamentos.
            -Mas infelizmente, eu tive que seguir sozinha, minha sacerdotisa sumiu e eu não pude ter mais os ensinamentos dela, era ótima a minha sacerdotisa, me ensinou muito.
            -E tu estás me fazendo sentir culpada Juli.
            -Aiiii bi não foi minha intenção.
            -Eu sei Juli, eu estava brincando.
            -Teu sorriso continua lindo sabia?-Disse Julia encarando a professora. Mas teu olhar me parece meio triste, tem algo que eu não saiba acontecendo?
            -Não minha linda, eu não estou triste, só estou cansada meu anjo.
            Rubi achou melhor não falar que sentia falta de namorar Julia, achava que ainda era cedo, afinal não queria fazer nada errado desta vez, queria reconquistar Julia aos poucos, fora traumatizante demais para ambas o final do relacionamento, e não sabia se Julia estava magoada com ela por ter permitido a separação, e se aceitaria ela de volta depois de terem ficado longe por tanto tempo.
Quando viram estavam novamente na rua de Julia, se despediram, Julia agradeceu pela carona e saltou do carro direto para o prédio, ela estava radiante que Rubi estava bem próxima a ela como nos velhos tempos, tinha certeza que ela teria uma chance de tê-la novamente, mas tinha que ir de vagar, não ia com sede ao pote, não queria prejudicar sua amada novamente, saberia esperar, e principalmente queria reconquistá-la como se começassem do zero. E foi dormir com este pensamento após um banho quente e um prato de comida, precisava descansar.
Acordou às 8h da manhã no dia seguinte estava muito animada para iniciar seu dia, acendeu uma vela no altar e começou seus agradecimentos diários e meditação, levantou, tomou café e foi assistir televisão após as notícias matinais e um maravilhoso café da manhã foi olhar seus e-mails e o portal do aluno, baixou o material que estava disponível para aquele dia e imprimiu. Abriu o e-mail e viu que havia um de Lipe, onde ele implicava com Julia sobre a intimidade com a professora, ela respondeu que na verdade, ela já havia sido sua professora no ensino médio e tornaram-se grandes amigas desde então.
            Acessou as redes sociais procurando novidades, nada demais e foi para o MSN ver as notícias dos amigos que fazia um tempo que não falava com eles.
            O dia passou tranqüilo, nada de importante ou surpreendente, apenas lembrou-se de falar com suas duas melhores amigas Lucia, e Luana, gêmeas univitelinas que fizeram parte de sua vida antes e depois de Rubi,  precisava contar que a havia reencontrado, ligou para Luana e contou tudo conforme acontecera, todos os detalhes sem deixar faltar nenhum e falou também sobre a decisão de ir devagar.
            Luana concordou que seria o ideal e mudou de assunto perguntando:
            -O que vais fazer no final de semana? Encontrar com a Rubi?
-Ainda não sei, talvez vá para a casa dos meus pais ainda não decidi, e tu?
            - Também não sei, podíamos marcar alguma coisa, eu, tu a Lucia e a Rubi se ela topar é claro.
            - Sim, podemos mesmo. Vou conversar com ela e depois te aviso, conta pra Luci ok?
- Aham conto sim e aproveito e convido-a para nos encontrarmos.
- Ai amiga valeu e vê se convence a tua irmã a arranjar um número da nossa operadora, nunca consigo falar com ela.
- Ok né!
-Amiga vou desligar preciso arrumar meu material para a aula
-Certo. Tem aula com ela hoje?
-Não, nem amanhã, somente terça e quarta
-Ok amiga, beijinhos te cuida e boa aula.
- Valeu amiga pra ti também , te cuida qualquer coisa me liga, amo tu! Ate.
Desligaram o telefone, Julia juntou o material na mochila e foi para faculdade.
Julia chegou à instituição e subiu para a sala de aula. Sentou no lugar de sempre, guardou o lugar de Roberta, pois a amiga ainda não havia chegado, assim como a professora de Prática então resolveu pegar na mochila algumas fotos antigas que sempre carregava consigo. Nelas guardava a lembrança dela e Rubi e a felicidade de um relacionamento rompido por puro preconceito, mas descobrira que as fronteiras eram rompidas quando era pra ser assim, a professora Regina chegou, na mesma hora jogou as fotos na mochila para substituí-las pelo plano de ensino da matéria. Surpreendentemente faltavam quinze minutos para a aula terminar quando Roberta apareceu .Julia mandou um olhar de reprovação para a amiga mas não falou nada, achou melhor manter-se calada.
Diego que sentava no fundo, obviamente tinha que soltar uma piada.
-Te superou hein Roberta, chegou super cedo pro próximo período.
Julia olhou para Diego com um olhar assassino e falou.
-Tu não perdes por esperar cara, tu ainda vai levar muito nesta cara.
-Medinho de ti Julia! Cão que ladra não morde sabia?
-Eu teria, pois esse além de latir, morde.
Faltando cinco minutos para o fim da aula escutaram uma batida na porta e a professora Regina foi abri-la.
-Sim professora.
-Chama a Julia, por favor, Re? Preciso falar com ela.
-Claro chamo sim.
-Re chega aqui antes.
Julia não pode ouvir o que Rubi falou antes de Regina chamá-la.
-Julia a professora Rubi está te esperando ali fora.
Julia que já havia guardado o plano de ensino em sua mochila pegou o celular e dinheiro colocou no bolso e saiu para atender Rubi, que a aguardava na porta.
-Oi professora, - falou Julia para disfarçar- algum problema?
-Eu precisava ver uma coisa contigo Julia, podes me acompanhar.
-Hum claro.
            Rubi levou Julia ate um lugar desconhecido do campus bem escondido, onde poderiam conversar mais a vontade.
            -Oi Rubi deu saudades é?
            -Aham, Ju, eu preciso muito falar contigo.
            -Sobre o que?
            Nesta mesma hora o telefone de Julia tocou era Roberta querendo saber onde ela estava. Julia disse que a encontrava na aula. Rubi encarou Julia e contorceu o rosto por puro ciúmes, Julia percebeu e riu, achava lindo o ciúmes de Rubi mesmo depois de tanto tempo.
            -Voltando o que tu querias falar Bi?
            - Hum queria saber se quer carona hoje de novo, só isso.
            - Sei, é só isso mesmo? Eu acho que não, pelo teu rostinho tem uma pergunta escondida aí e tu não queres deixar sair.
            - Me conhece mesmo, não?
            -Claro que conheço, fala.
            -Melhor não, deixa pra depois, tu tens que ir para a tua aula não quero te prejudicar.
            -Não Bi está cedo ainda, vamos fala, o que é?
-Nada minha linda, a gente fala sobre isso no carro, mas Juli, posso pedir uma coisa?
-Claro linda fala.
-Me da um abraço? Eu sinto falta do teu abraço.
Julia não pensou duas vezes e abraçou Rubi com força e carinho. Ficaram curtindo o momento por algum tempo, Julia percebeu que Rubi estava chorando e a apertou nos braços com mais força, acariciando os fartos cabelos da professora até ela se acalmar.
-Juli, é melhor tu ires para a aula – Rubi  falou no ouvido de Julia secando algumas lágrimas teimosas e limpando o nariz com as costas da mão.
-Ok eu vou, sei que não adianta insistir, tu não ias me deixar mesmo matar aula.
            - Não mesmo. Te busco pra te dar carona cinco minutos antes da aula terminar ,então não sai antes ok?
            - Claro amor pode deixar.
Rubi já estava acostumada com a aluna chamando-lhe de amor, novamente,  mas não sabia se isso continuaria depois do que ela tinha para contar para Julia.
Chegando à sala de aula, o professor Jorge já estava la,  então Julia sentou em sua classe e pegou o material para aquele dia.
Roberta olhou para Julia com um ponto de interrogação enorme no meio do rosto.
            Julia sabia que não poderia esconder isso por muito tempo da amiga então decidiu que contaria pra ela, mas não na frente de ninguém.
            -Te conto depois, mas não aqui temos que conversar sobre isso em particular, é muito importante que ninguém saiba.
            - Ok né! Tem a ver com a professora Rubi?
            Julia somente concordou com a cabeça e se manteve calada.
            A aula transcorreu normalmente, o professor terminou de passar a matéria e faltando cinco minutos para a aula terminar, Rubi bateu na porta, Julia já sabendo, juntou seu material se despediu de Roberta indo ao encontro dela.
            -Oi, sora!
            -Oi Julia, vamos?
            -Ah sim claro.
            -O que está acontecendo? Agora vão voltar juntas sempre? – Perguntou Felipe irritado.
            -A professora Rubi, é minha vizinha Lipe, ela me leva para casa todos os dias, te liga guri, tu és muito chato, vamos Rubi.
            As duas saíram até o estacionamento, abraçadas conversando animadamente.
            -Guri chato esse Felipe, ele é sempre assim?
            -Aham sempre, inacreditável como pode caber tanta chatice em uma pessoa só Bi.
            -Pois é, então Juli, tu és aluna da Re né?
            -Sim sou , por quê?
            -Como assim por quê? Esqueceu quem é ela?
            -Como assim?
            -Julia a Regina era e sempre foi a minha melhor amiga, ela sempre estava junto conosco!
            -O QUE? Não consigo acreditar que é a mesma pessoa, cara, eu poderia ter perguntado para ela no semestre passado, quando ela me deu aula, e eu fui lenta demais pra não perceber, burra. Eu sabia ela não me era estranha,  mas não me lembrava da onde, e por que ela não falou comigo amor?
            -Ju, calma, ela não tinha certeza, ela nunca foi tua professora, ela não sabia que tu eras a mesma Julia, tu mudou muito Juli, ela também estava em dúvida.
            -É, tu tens razão, mas ela poderia ter vindo me perguntar se por acaso eu não tinha sido tua aluna no ensino médio, mas tudo bem eu entendo até porque ela deveria saber que eu ia ser tua aluna este semestre e nem perdeu tempo.
            -Exatamente, não precisas ficar assim.
            -Ok Bi! Me diz uma coisa?
            -Sim!
            -Tu casaste? Namoras com  alguém ?Teve filhos?
            -Não ,não, não.
-           Hum, Bi!
-Que foi?
-Lembras da Lucia e a Luana?
            -Como não lembrar das gêmeas, vocês andavam sempre juntas, eram tuas melhores amigas, quando tu não estavas comigo, estavas com elas, e volta e meia fazíamos jantares juntas. Vocês eram umas pestes, quando estavam juntas na sala de aula só me davam dor de cabeça, e ai de quem separasse vocês, tenho certeza que se alguém tentasse , vocês aprontariam feio.
            -Ai Bi que visão deturpada vocês professores tinham de nós, logo nós tão inocentes, puras, nunca fizemos nada para ninguém.
            -Ta bem né Julia.
            -Ai Bi, tu estás sendo injusta, tu nunca me mandaste para a direção, nem a elas.
            -Como se eu tivesse coragem mesmo de te mandar para a direção, eu nunca teria feito isso, embora às vezes tu pedisse né?
            -Pedia nada. Mas então, liguei para a Luana hoje contando que eu tinha te reencontrado, e a gente está pensando em fazer alguma coisa no final de semana nós 4 como nos velhos tempos, o que tu achas?
            -Ah Ju, me desculpa, mas este final de semana eu não posso, tenho outro compromisso.
Julia ficou um pouco decepcionada não entendia por que Rubi não queria sair com ela, sentia medo que ela não quisesse assumir qualquer relação com ela, talvez fosse melhor por enquanto ficarem separadas, até porque não queria prejudicar a amada, mas iria reconquistá-la. Se ela tivesse perdido o interesse ela iria fazê-la sentir novamente.
Rubi ao contrário do que Julia pensava não queria encontrar com as gêmeas por puro medo, não queria ser julgada pelas melhores amigas de Julia por seu desaparecimento repentino e por não ter se imposto para continuarem juntas, Rubi ainda se culpava muito por terem sido separadas e tinha medo que Julia e as meninas a culpassem pelo mesmo motivo.
 -O que tu tens de aula amanhã?
            -Literatura Inglesa1 e Inglês3.
            Chegaram à rua de Julia e se despediram. Julia foi para casa jantou e foi dormir.
            Julia acordou subitamente com o toque estridente do celular, olhou era um número estranho, mas atendeu aquele horário poderia ser alguém conhecido que estava com problemas.
            -Alo?-Respondeu ela com voz de sono.
            -Ju?.-Do outro lado da linha a pessoa soluçava muito.
            Julia acordou completamente naquele momento, não estava acostumada a acordar no meio da noite com alguém chorando do outro lado da linha.
            -Quem é? O que houve?
            -Ju, sou eu.
            -Bi?
            -S-sim.
            - O que houve?
            -Eu s-só pre-pre-ciso sa-saber se tu um dia v-vai  me perdoar. –Rubi caiu em um choro convulsivo
            -Bi, meu anjo, te acalmas , me passa teu endereço por mensagem eu vou me arrumar e vou na tua casa., mas te acalma.
            -Não Ju, só preciso s-saber se tu perdoas.
            -Perdoar do que? Bi, to indo aí me manda teu endereço e estou chegando.
            Rubi se rendeu e mandou o endereço para Julia, levantou da cama e foi aguardar a aluna chegar.
            Julia levou uma meia hora para chegar à porta de Rubi que estava aberta.
Quando entrou, percebeu que a professora a aguardava sentada no sofá na sala escura do apartamento, estava toda encolhida, o que era muito difícil para ela em função da altura. Julia trancou a porta e se aproximou de Rubi, percebeu que ela estava tremendo muito, lentamente a abraçou e a ruiva recomeçou a soluçar.
-Bi, meu anjo, te acalma.
Rubi não conseguia responder de tão desesperada que estava.
Julia saiu de perto foi até a cozinha e pegou um copo d’água, levou até o sofá para Rubi, entregou-lhe o copo e ela começou a beber devagar, depois de alguns minutos nos braços de Julia, Rubi conseguiu se acalmar um pouco.
-Agora tu podes conversar?
-Posso.
-O que houve? Por que tudo isso?
-Senta do meu lado, precisamos conversar.
-Ok,  vamos conversar.
-Ju, depois que nos descobriram eu fui transferida para outro estado, onde fiz meu mestrado e doutorado, continuei na mesma rede de instituições dando aulas. Voltei para cá há uns dois anos ,e a Soraya que continua na escola que tu estudavas não me aceitou de volta, ela voltou a ser a diretora.
            -Não sei como permitiram aquela víbora continuar diretora de lá.
            -Bom nem eu, continuando, então eu fui para a escola que faz parte da universidade, e como estava na mesma rede de instituições e fiz mestrado pela  no local eu acabei voltando pra cá.
            -Sim.
            -Ju, eu me culpo até hoje pelo  que aconteceu entre nós, eu vejo agora que eu poderia  muito bem ter me imposto ,ter falado que eu não queria ser transferida, que eu me demitiria e iria para outra escola,mas eu era covarde, imatura, e não sabia me impor, eu deixava os outros mandarem em mim e deixei a pessoa que eu mais amava escapar das minhas mãos, deixei tu sofrer por medo, por achar que era a coisa certa a fazer tu me esquecer e ser feliz com outra pessoa.
            -Bi...
            -Julia me deixa terminar. Eu peço perdão por tudo o que eu fiz, eu peço perdão por ter te deixado só, eu peço perdão por ter sumido, por ter me escondido, e por ter sentido medo de voltar, eu poderia ter voltado há muito tempo, mas tive medo, tive medo da tua reação a me ver, tive medo de te encontrar com outra pessoa, tive medo que tu não me perdoasse, e não me quisesse mais. Eu voltei,  pois não aguentava mais de saudades de ti, embora não soubesse o que eu iria enfrentar mesmo assim resolvi enfrentar o que estava por vir.
            Julia a olhou, abriu a boca para falar,  mas Rubi pediu que ela não falasse nada, pediu que ela pensasse sobre tudo que ela falou e pediu que fossem apenas dormir, queria curtir o momento.
            Rubi deitou na cama e Julia a abraçou por trás, dormiram muito mal aquela noite cada uma com seus pensamentos turbulentos, confusos e cheios de dúvidas.
            Rubi escutou o despertador tocar ao longe e levantou, acordou Julia e foram tomar café da manhã juntas, nenhuma falou nada durante a refeição,  Rubi se vestiu em silêncio e quando estavam prontas, desceram até a garagem e entraram no carro. Mantiveram silêncio o caminho todo até a  casa de Julia . Ao chegar, Julia apenas deu um tchau rápido com um beijo na bochecha da professora e subiu até o apartamento sem falar com ninguém , na verdade,ela não enxergava ninguém em sua frente. Seguiu em linha reta subiu as escadas, muito devagar, precisava pensar em tudo.
            Quando chegou em casa, entrou no quarto tomou um banho quente, vestiu o pijama e foi dormir, ainda sentia sono, sentia uma vontade tremenda de não acordar tão cedo. Sua intuição dizia que aquela semana, seria uma semana muito difícil.
            Eram duas da tarde quando Julia acordou e resolveu ligar para Rubi a fim de ver como a professora estava, mas não houve resposta e nem retorno da ligação durante a tarde, Julia insistiu mais duas vezes e nada. O final de semana chegou, Julia, estava desesperada sem noticias de Rubi e ligou para Anita , a prima mais nova que era o braço direito de Julia nos assuntos do coração.Pegou o celular na cabeceira da cama, e ligou para a  prima.
            -Alo, oi Ju como tá?
            -Ótima, e péssima ao mesmo tempo, preciso conversar, vem aqui?
            -Prima, mas o que houve?
            -Vem pra cá, te explico quando tu chegares.
            -Ok, estou indo.
Em vinte minutos Anita estava entrando feito um furacão dentro do apartamento de Julia.
-Quem foi?
-A Rubi.
-Julia, esquece a Rubi, ela sumiu, evaporou, ela não vai mais voltar.
-Não ! Ela não sumiu, ela voltou. – Disse em lágrimas, e soluços.
-Como assim ela voltou?
-Voltando, ela é minha professora de português e literatura, este semestre.
-Então não entendi , cadê ela? Olhando para os lados como se esperasse que a mulher alta de cabelos ruivos e cheios, olhos verdes profundos e misteriosos como o mar surgisse a qualquer segundo.
-É esse o problema, ela sumiu, ela simplesmente evaporou sem deixar recados prima, a gente teve uma conversa, na verdade um monólogo, só ela falou não me deixou falar em nenhum momento, ela me disse que se culpava, me pediu perdão e me mandou embora no dia seguinte, só dormimos juntas, dormimos mesmo, nem voltamos, sem beijos nem nada ela só me pediu perdão e no dia seguinte me largou em casa e desde este momento eu não vejo mais ela.
-Que dias tu tens aula com ela?
-Terça e quarta.
-Bom ela sempre foi competente e responsável, ela não vai deixar de aparecer, então da uma prensa nela e diz tudo o que esta entalado aí dentro desde o dia que ela sumiu quando deu a confusão toda no teu colégio.
-Sim eu vou, estou pensando já em fazer isso, e foda-se se ela não permitir que eu vá junto, sei onde ela mora, eu invado o apartamento dela e falo tudo.
-Ela te contou tudo o que aconteceu?
-Sim.
Neste momento Julia relatou para a prima tudo que havia acontecido com Rubi naqueles anos que as mantiveram separadas, e Anita ficava em choque a cada palavra que Julia falava.
-Alguém mais sabe?
-Sim, além de ti, a Lucia e a Luana.
-E o tio Osvaldo, a tia Inês e a Mila?
-Não, ainda não contei, conheço-os bem sei da reação deles.
-Mudando de assunto, como foi o reencontro? – Perguntou Anita curiosa.
Julia contou como reencontrara Rubi, e como ela continuava a mulher linda e incrível e sensível que ela era.
-Prima, agora que tu contaste o que queria, eu tenho que te contar algo.
-La vem minha priminha contar dos namoradinhos.
-Bem por aí. Então deixa eu contar, conheci um carinha prima, da faculdade, ele é uns dois semestres mais adiantado que eu.
Anita contou todos os predicados do guri chamado Ricardo, contou que estavam ficando desde o primeiro dia de aula e que pretendiam sair juntos no sábado seguinte.
-Baladinha básica não é prima, eu mereço me divertir com um cara gostoso não acha?
Julia não conseguia parar de rir, Anita era muito divertida, conseguia animar até a festa mais monótona só com suas histórias e deixava todos animados e sentindo-se bem mesmo sem conhecer quem estava em volta.
Julia convidou a prima para passarem o final de semana juntas, foram no shopping comer porcaria e foram ao cinema assistir um filme muito popular.
-Que bom, eu estava mesmo esperando para assistir este filme, assim vamos poder assistir juntas.
-Sim eu também queria muito assistir.
-Legal.
Após o filme saíram da sala comentando.
-Vamos, comer onde, minha barriga já está rosnando aqui.
-Pois é a minha também.
Jantaram e foram embora, no dia seguinte combinaram de ir ao parque da redenção passar à tarde.
O final de semana de Julia fora muito bom ,conseguira se distrair bastante com Anita e mal teve tempo de pensar em Rubi. Domingo ligou para a professora e nada de notícias, por mais que Julia tentasse se comunicar com ela não conseguia,ela não atendia e nem retornava as ligações,  depois que saíram da redenção Anita deu a idéia de as duas irem juntas procurar por Rubi no prédio dela, vendo que a prima estava voltando a ficar desesperada ,chegando lá perguntaram ao porteiro se a professora estava, ele havia dito que ela não aparecia em casa desde sexta feira. Neste momento Julia se desesperou ainda mais.
            Julia e Anita voltaram  para casa em silêncio, Julia não sabia o que estava acontecendo, estava apavorada com o sumiço do seu grande amor. Anita subiu com ela e ficou na casa até a prima começar a se acalmar e te certeza que ela ficaria bem sozinha, aconselhou ainda que ela pedisse orientação aos deuses e descansasse  um pouco.
            Julia seguiu exatamente o conselho da prima depois de muito orar, foi dormir.
            Terça feira Julia chegou à sala de aula e viu Rubi sentada sozinha.
            -Oi Julia.
            -Rubi onde tu estavas? Por que não me atendeste e nem retornaste as minhas ligações, eu estava morta de preocupação contigo, por que tu sumiste?
            -Eu estava em casa Julia.
            -Não mente, eu estive domingo na tua casa com a Anita  e o porteiro nos  disse que tu não aparecia lá desde sexta feira, onde tu estavas?
            -Julia, daqui a pouco os teus colegas vão chegar, depois a gente conversa sobre isso.
             -Bi, não tem depois, eu quero saber agora, eu tenho direito de saber.- Disse Julia colocando uma cadeira ao lado da de Rubi.
            -Julia vais para o teu lugar.
            -Não, até tu me contar o que aconteceu e por que tu estás me tratando desta maneira eu não saio daqui.
            -Julia vais para o teu lugar, teus colegas estão chegando.
            Julia não se moveu, ficou ali não deu bola quando os colegas começaram a entrar na sala de aula encarando a colega e  a professora sem realmente entender o que estava acontecendo, por que elas estavam sentadas na classe de Rubi.
            -Quando a aula foi iniciada, Julia foi para sua classe,  mas ficou encarando e participando da aula muito mais que o normal, fazendo perguntas, o que obrigava a professora falar com ela. E assim foi durante os dois períodos.
            Quando se viram sozinhas na sala de aula Julia se aproximou novamente da professora que ainda estava sentada, sentou ao seu lado e começou a acariciar a coxa da mesma.
            -Bi,  podemos conversar?
            -Não Julia, eu estou cansada quero ir para casa.
            -Posso ir junto?
            -Pode, eu te largo em casa.
            -Não, Bi, eu quero ir para a tua casa, onde eu vou falar o que tu não me deixou na quarta feira.
            Rubi manteve-se calada, não concordou nem discordou, simplesmente levantou e foi para o estacionamento com Julia ao seu lado.
            Ficaram caladas o caminho todo, Julia sorriu, quando viu que não foram até a sua casa e sim para a casa da professora.
            Rubi deixou o carro na garagem e foram até o apartamento de elevador. Rubi abriu a porta e entraram. Rubi convidou Julia a sentar no sofá e disse:
            -Ok Julia fala, eu vou te deixar falar.
            -Bi, depois que nos separaram eu entrei em uma depressão profunda, não saia de casa, não comia,não fazia nada, só ficava deitada, te culpando pela tragédia que tinha se tornado a minha vida, meu pai me colocou num colégio para meninas, onde eu me formei, conheci uma menina com quem eu namorei por um ano , foi  meu relacionamento mais longo, mas eu me sentia culpada, pois estava com ela só fisicamente, pois o meu pensamento e coração estavam em ti, depois deste ano que fiquei com a Fernanda eu parei de te culpar, me formei e desde então comecei a buscar por ti, mas não te encontrava, em lugar nenhum, depois que a internet começou a ter mais força aqui eu comecei a entrar em sites de buscas  e jogava teu nome na rede mas não encontrava nada, me parecia que tu não queria ser encontrada, mas nunca desisti, fui em escolas e nada, comecei a fazer cursos que tinham ligação com leitura,literatura,português e produção de texto tudo com a esperança de te encontrar. Com 24 anos meu pai comprou o meu apartamento e eu me mudei, dois anos depois, entrei na faculdade e finalmente te encontrei,no momento em que eu percebi que tu só não te impôs  por ser jovem e ter medo do futuro sem emprego e tudo o mais eu parei de te culpar, eu te perdoei e fui atrás de ti mesmo não te encontrando, eu sabia que nosso destino Bi, era ficar juntas, que a distância não seria empecilho para ficarmos juntas pois tu estava em mim, em pensamento, o teu amor nunca tinha saído de mim, eu sabia que onde quer que tu estivesse, tu não havias deixado de me amar, que tu ainda estavas comigo e por esse motivo eu não desisti de ti não desisti do teu amor por mim e nem do meu por ti. – Julia virou de frente para Rubi, segurou as mãos desta e falou - Bi eu te amo e eu quero ficar contigo, eu não quero nunca mais ficar longe de ti, eu só quero que possamos continuar de onde paramos, quero ser feliz contigo Bi. Quero me estabilizar contigo, casar, adotar um neném ou mais. Não é isto o que tu queres meu amor?
            Rubi estava com os olhos inchados de tanto chorar com o que Julia contava, e principalmente com a declaração de amor que a sua menina havia feito.
             -Juli, é o que eu mais quero, eu quero muito ficar contigo, muito mesmo.
            -Mas?
            -Mas eu tenho medo, que tudo se repita?
            -Amor , eu tenho 28 anos, Bi, não é mais ilegal.-Juia, sorrindo delicadamente tornou a segurar as mãos de Rubi que soltara apenas para secar-lhe a  face coberta de lágrimas.- Volta para mim?
            Rubi respondeu com um beijo doce cheio de sentimentos e coberto de significados. Foram para o quarto, Julia tirou da mochila um pijama, e um nécessaire com tudo para um banho quente e relaxante.
            -Ué, veio preparada?
            -Claro, eu iria vir para cá tu querendo ou não, se não me trouxesse, eu pegava um ônibus que passa aqui na frente e invadia o apartamento e a gente ia conversar. Agora me responde, onde tu te escondestes desde sexta feira?
            - Eu fui para um templo wiccano que tem no interior para meditar. Precisava um tempo só.
            -Custava avisar?
            -Sim eu sabia que tu irias acabar descobrindo onde eu estava e iria atrás de mim então achei melhor sumir, meu celular ficou aqui, lá não pode entrar com nenhum aparelho tecnológico, e mesmo que pudesse não levaria.
            -Entendi. Nunca mais faz isso!
            -Ok, mas tu sabes bem que às vezes preciso ficar só.
            -Sim, mas eu tive muito medo que tu tivesses ido embora novamente.
            -Ju, eu nunca mais vou embora, não repetirei o mesmo erro, já foi difícil te deixar por tantos anos, não vou fazer o mesmo agora, e mais, tu estás muito bonita, não quero ninguém tocando na minha mulher.
            -Acho muito bom mesmo.
            -Principalmente aquele imbecil, o mala do Felipe, ele que não venha chegar muito perto de ti, que ele vai ter problemas.
            -Com certeza, agora eu preciso de um banho.
            -Agora eu preciso de um beijo.
            Julia puxou o rosto de Rubi para mais perto do seu, aproximou seus lábios e deu um beijo calmo, mas ao mesmo tempo quente na  namorada.
            Julia levantou do sofá, pegou suas coisas e foi tomar um banho, saiu do banheiro completamente vestida com um pijama rosa e um  Basset Hound estampado na frente, sentado com  as orelhinhas caídas e  a  língua de fora.
            -Ai que coisa mais fofa este pijama, tu não mudaste nada mesmo né Ju.
            -Tu que pensas. – Disse Julia com um sorriso sensual nos lábios.
            -Er... bom... hum, é melhor eu tomar meu banho e  irmos dormir, porque eu realmente preciso acordar cedo amanhã.
            -Amor são quase cinco horas, nunca que tu vai acordar cedo amanhã de manhã.
            -Então é melhor eu nem dormir.
            -Tu achas que tu estarás bem disposta amanhã para dar aula para adolescentes.
            -Sabes que não. De qualquer forma, eu preciso de um banho.
            -Ok vai lá.
            Rubi voltou ao quarto, e depois de duas noites sem dormir, era muito difícil se manter acordada, então às seis horas resolveu ligar para a escola e avisar que não se sentia bem e precisaria ficar aquela manhã em casa descansando, iria na parte da tarde. Colocou o relógio no criado mudo para despertar às onze horas, levaria Julia para almoçar e iriam juntas a  escola onde dava aula pois era próximo a  universidade, teve a idéia de conversar com a  diretora da escola  e perguntar sobre a  possibilidade de colocarem Julia como ajudante de Patrícia nas aulas de literatura.
            No caminho da escola conversavam sobre esta idéia e Julia ficou bastante animada.
            -Mas será que vão deixar?
            -Eles me conhecem a anos então eles vão permitir, eu digo que tu és a minha melhor aluna, e tem como provar que tu é mesmo com as tuas provas e notas é só passar na tua casa e pegar as provas.
            -Se tu dizes, eu vou adorar.
            -Amor? O que tu achas de depois da aula a gente ir jantar fora?
            -Eu vou adorar!! Mas onde?
            -Não, sei amanhã a gente decide.
            -Legal, vai ser bom jantarmos fora juntas depois de tanto tempo.
            -Ah que bom amor. Juli, só uma coisa, cuidado para não falar de nós para ninguém certo?
            -É eu sei , não te preocupa, não quero passar por tudo de novo, e sei que tu também não.Só tem uma pessoa lá que me preocupa que esteja desconfiando de alguma coisa.
            -Quem?
            -Felipe.
            -Foi o que pensei, acho que a partir de quinta feira não vou mais te buscar na sala de aula, nem para o intervalo e muito menos para ir embora, vou te mandar mensagem para o celular e tu me encontra onde combinarmos, pode ser?
            -Acho melhor mesmo, não quero confusão com aquele guri e sei que ele pode ser um problema.
            -Pois é! Vamos dar um jeito, só fico preocupada que algum dia ele nos siga.
            -Não fica, vamos ficar no bar mesmo, só conversando se possível não todos os dias para ele não desconfiar.
            -Legal amor, boa ideia.
            -Que saudades de te ter ao meu lado, sabias ?
            -E eu então amor. Como senti tua falta. Todo mundo era contra eu te procurar, seguir com as minhas buscas, somente a Lua e a Luci, me ajudaram, nunca desistiram também, tornaram isso um objetivo de vida, só para me agradar sabia?
            -Elas são tuas amigas mesmo.
            - Verdade, agora vamos  pensar em nós e a partir de agora escreveremos mais um capítulo da nossa vida. Vamos esquecer o passado e começar do zero, seguir em frente e sermos felizes juntas.
            -Isso mesmo amor.
Rubi abraçou sua menina, e deu-lhe um beijo demorado na boca. Deitaram-se e ficaram abraçadas.
-Boa noite anjinho, dorme bem meu amor, que a Deusa te proteja e que te abençoe.
            Julia desejou o mesmo para a namorada. E pegaram rapidamente no sono.
            Tiveram uma noite muito tranquila, a mais tranquila desde que foram  separadas . Agora sabiam que nada mais as impediriam de ser feliz.
            No dia seguinte despertaram com o despertador estridente do celular de Rubi.
            Julia acordou sentindo um par de olhos verdes penetrantes encarando-a
            -Bom dia!
            -Bom dia minha florzinha, dormiu bem?
            -Sim e ainda não acredito que não é sonho. Sabes quando a gente realiza algo que sempre quis e acorda no dia seguinte e vê que é real ?
            -Sim eu sei, e eu estou sentindo o mesmo hoje.
            Rubi virou-se para Julia e deu-lhe um beijo apaixonado.
-Vamos amor, eu tenho que dar aula e  tu vais comigo, mas antes passaremos na tua casa para pegar o currículo.
-Tá bom amor.
Levantaram tomaram banho  separadas e  foram almoçar , depois de já vestidas, quando estavam prontas saíram com o carro de Rubi em direção a  escola. Ao chegarem foram para a sala de Carla, a diretora da escola.
-Oi Carla tudo bem?
-Oi Rubi, sente-se melhor?
-Sim, precisava somente uma boa noite de sono.
-E boa companhia pelo que vejo.
Rubi corou violentamente. Carla percebendo o embaraço da amiga e confirmando suas suspeitas deu uma risadinha.
-Não vai apresentar a namorada?
Rubi corou ainda mais a pele branca agora estava da cor da raiz dos cabelos e Julia levou um susto, quase caiu sentada.
-Er...hum... bem, é, hum...
-Rubi, eu sou tua amiga não tua mãe, ainda bem, então não enrola.
-Essa é a  Julia.
-Ah foi o que imaginei, finalmente conheci a  famosa Julia, prazer querida. – Disse Carla estendendo a mão para cumprimentar a diretora de Rubi.
-Prazer Dona Carla.
-Menina, eu não sou dona de ninguém e nem quero. Só Carla. – Disse a  loira de estatura mediana, olhos castanhos e cabelos lisos curtinhos ate a nuca.
-Então Carlinha, a  Ju precisa de um estágio e eu queria saber se tu aceitarias que ela fosse minha estagiária de literatura.
-Bah, tu sabes que seria ótimo e já me mata dois coelhos, eu me livro daquela songa que tá contigo e  já temos quem colocar no lugar, ainda mais que ela é tua aluna. Não querida, não preciso currículo não, a Rubi me fala tanto em ti que eu já se a  tua vida de traz pra frente e de um lado para o outro.- Disse ela quando Julia fez menção de entregar-lhe a folha impecável .
Julia estava embasbacada com a diretora, não imaginou que ela fosse tão divertida, um humor contagiante, completamente diferente da Soraia.
- Então começa na segunda viu meu bem, só deixa a Carla eliminar  aquela ameba.
             As três riram com vontade, Julia ficou muito empolgada com uma oferta de emprego que veio tão fácil.
            Rubi foi trabalhar  ,e Julia se escondeu na  biblioteca, tinham combinado que assim que Rubi desse as aulas iriam direto para a  universidade, combinaram que se separariam no estacionamento e  se encontrariam na sala de aula.
Quando estava a caminho da sala de aula, Julia lembrou que precisava ainda passar no Xerox onde pegou o material da aula do dia segunte. Depois foi para a sala, viu que Rubi já estava lá, o primeiro período passou tranquilamente , Julia estranhou que Roberta não apareceu, mas ligaria para  a amiga no dia seguinte, depois da aula  foram  para o estacionamento pegaram o carro.
Onde quer jantar?
            -Sei lá amor, pizzaria? Restaurante italiano que sei que tu amas?
            -Só se for naquele que a gente ia sempre.
-Certo
Rubi dirigiu ate o restaurante, quando, chegaram sentaram-se à mesa que sempre costumavam sentar.
 O garçom um velho conhecido, reconheceu Rubi, mas não Julia.
-Dona Rubi quanto tempo, nunca mais apareceu com a menina Julinha, nunca mais veio aqui.
-Pois é Antonini, aconteceram algumas coisas, ruins que não pudemos mais vir.
-Namorada nova é madame?
-Não Antonini, sou eu a Julia.
-Sério? Mas ta muito bonita menina, nem parece mais a mesma.
-Verdade, a Julinha não é mais a mesma menininha, se tornou uma linda mulher.
-O que vão querer? O de sempre?
-Tu ainda lembras Antonini?
-Claro que sim.
-Então pra mim é o mesmo, e pra ti Bibi?
-Sim, com certeza, que saudades daquela massa.
-Eu também.
Antonini saiu para fazer o pedido e deixou-as conversando.
-Nunca mais veio aqui é?
-Aham e pelo jeito nem tu amor.
-É eu não quis pra não ter que ficar relembrando, machucaria muito.
-Eu também pelo mesmo motivo.
-Pois é.
-Os pedidos chagaram e elas ficaram conversando enquanto comiam. Haviam passado 15 minutos quando a antiga diretora do colégio de Julia apareceu.
Rubi começou a tremer, olhou para Julia e indicou-a com a cabeça, Julia olhou disfarçadamente. Rubi tremia violentamente e ficou completamente pálida. Todas as lembranças voltaram para ambas. Julia tentou ser mais racional, pois sabia que Rubi precisaria de força naquela hora, segurou suas mãos a fim de passar força para a amada, dizendo:
-Amor, não fica assim, é passado, já foi , ela não pode fazer mais nada contra nós meu anjo, está tudo bem não precisa ter medo, eu estou aqui contigo.
-Eu sei amor, mas voltou tudo.
-Eu sei Bi,  mas calma vai ficar tudo bem.
Soraya identificou Rubi e aproximou-se.
-Olá Rubi.
-Oi – disse Rubi fria.
-Tu nunca vais me perdoar não é?
- O que tu achas? Tu me separastes da pessoa que eu mais amava e que eu nunca deixei de amar.
-Tu achas mesmo que ela ainda pensa em ti Rubi, tu achas mesmo que ela ainda lembra de ti.
Julia se manteve calada para ver ate aonde a ex-diretora iria.
-Como se tu não soubesses como é adolescente, tem um namorada hoje, e amanhã já começa com outra por ter enjoado da primeira. Já deve ter outra pessoa e nem lembra mais de ti.
-Julia não era assim, nunca foi.
-Como tu sabes, tu nunca mais a viste, dúvido que ela tenha passado mais de um mês em busca de um amor do passado.
Julia furiosa respondeu.
-Na verdade Soraya! Passei bem mais que um mês, passei exatos 12 anos em busca de um amor do passado.
Soraya ficou muito vermelha, mas ainda assim respondeu.
-Julinha querida és tu mesmo, nunca imaginei que fosse tu, tu estás linda nem parece a mesma.
-E tu continuas a mesma víbora falsa de antes.
-Tu não entendes a minha posição naquela época.
-Tu poderias ter esquecido em vez de fazer a idiotice de nos separar, fingistes que não tinha acontecido nada, quem se importaria? Era só a Sec não saber que ficaria tudo bem, até porque lá na escola ninguém nunca se importou, todo mundo dava o maior apoio, nem os pais davam a mínima, sabiam da competência da Bi e só se preocupavam com as notas dos filhos ,mas não tu  tinhas que ferrar conosco, por quê? O que tu ganhaste com isso? Tenho certeza que nada. Saiu perdendo uma aluna super aplicada, uma professora competente, responsável e ética e a revolta de um monte de alunos.
Soraya inventou uma desculpa e saiu indo para uma mesa e fazendo o pedido. Julia sabia que ela não teria mais argumento depois do que falara.
Rubi olhou para Julia com os olhos arregalados, assustada com a coragem de Julia. Sua menina havia realmente crescido, estava mais forte e decidida. Rubi ficou mesmo muito orgulhosa.
-Pronto amor,  vamos terminar de comer, essa interrupção sem sentido me deixou com ainda mais fome.
Rubi ainda um pouco trêmula caiu na gargalhada, amava o senso de humor de Julia, era uma das coisas que mais amava nela.
Julia e Rubi terminaram de jantar e saíram juntas do restaurante, não se preocuparam em olhar para a mesa de Soraia que ficava ao lado da porta, dirigiram-se até o carro e seguiram para casa de Julia, estacionaram o carro na garagem e pegaram o elevador, naquele momento Rubi percebeu que não aguentaria mais ficar longe de sua menina, e a agarrou, beijou-a com fome, e não conseguia soltá-la.
            Julia estava adorando aquela iniciativa de Rubi e aproveitou-se da situação rendendo-se aos braços de sua amada, aceitando a boca de Rubi buscando a dela, as línguas se encontraram e passaram a fazer uma dança completamente sensual.
 Julia não soube como conseguiu entrar em casa, arrancar as roupas de sua amada e pararem na cama. Amaram-se a noite toda, diversas vezes e em diversas posições, quando já eram mais ou menos 4h da manhã as amantes caíram no sono.
O despertador de Rubi tocou às 6h da manhã, ela estava consciente que não iria conseguir trabalhar, então ligou para a diretora, da escola disse que não se sentia bem e não poderia trabalhar, abraçou Julia e dormiu novamente.
Acordaram mais ou menos umas 14h e Rubi preocupada por causa da hora chamou Julia, pois precisava dar aula as 16h e Julia já iria com ela.
            Ao chegarem Julia ficou na biblioteca enquanto Rubi dava suas aulas, depois foi junto com Rubi fazer um lanche antes de ir para a faculdade.
Ao subir para a sala de aula viu que o professor já estava lá e surpreendentemente Roberta também, sentou ao lado da amiga e ficaram conversando.
Quando as duas aulas terminaram Julia encontrou com Rubi no estacionamento e seguiram para casa.
-Amor, vai dormir comigo hoje de novo?
-Não meu amor hoje não vai dar eu tenho que acordar cedo amanhã
-Ah que pena, e pelo menos podemos passar a tarde juntas?
-Não amor, tenho aula a tarde toda amanhã, desculpa viu?
-Tudo bem não tem problema, a gente se vê a noite.
-Sim pode deixar.
-Amor, vamos encontrar as gêmeas neste sábado? Elas estão me cobrando.
-Ok meu amor, avisa pra elas que este sábado iremos passar o dia com elas.
-Tudo bem pode deixar.
Quando chegaram à frente do prédio de Julia a menina desceu do carro, mas antes deu um beijo em Rubi, foi direto para o apartamento, parecia estar pisando em nuvens. Chegou em casa se atirou na cama e ficou lembrando daqueles momentos mágicos com a sua amada, mandou um e-mail para Lua contando que estava namorando com Rubi novamente e que a mesma tinha aceito sair no sábado a tarde, só esperava por uma resposta delas, levantou-se, tomou um banho demorado colocou um pijama e foi dormir.Há muitos anos que não sentia tamanha felicidade.Percebeu que ter Rubi de volta era a única coisa que faltava para que sua vida pudesse seguir em frente.
            Estava pegando no sono quando escutou o som de mensagem no seu telefone. Foi ver, era de Rubi.
“Boa noite anjinho, dorme bem meu amor, que a Deusa te proteja e que te abençoe. Te amo amor bons sonhos e reserva um deles para ser comigo.
Ate amanhã, beijos Rubi”
            Julia ficou emocionada e enviou para Rubi também uma mensagem desejando boa noite e pedindo para que sonhasse com ela. Ainda declarou seu amor pela mesma.
            No dia seguinte despertou com uma mensagem de bom dia enviada por Rubi e ficou muito feliz por recebê-la, mandou uma de volta levantou-se, fez suas atividades matinais e foi para o computador, ligou para Rubi confirmando aonde elas iriam, Rubi aceitou passar a noite na casa de Julia, levaria as roupas junto, baixou os arquivos das disciplinas do dia, guardou-os na mochila e  acessou o MSN conversou por algumas horas com os amigos, quando viu Roberta chamá-la.
            -Pode me contar?
            -Tem que ser pessoalmente e em particular quero ter certeza que ninguém vai escutar ou ficar sabendo.
            -Eu não vou contar pra ninguém.
            -Eu sei disso, mas ninguém pode ouvir.
            - Na faculdade tu me contas.
            - Não a gente vai ter que se encontrar aqui em casa ou em um lugar onde não tenha ninguém, ideal mesmo é aqui em casa, se tu quiseres vir segunda feira e ir comigo pra aula perfeito.
            -Não pode ser amanhã?
            -Não amanhã eu tenho compromisso, e domingo também, é melhor segunda mesmo.
            -Tá então, que horas eu vou aí segunda?
            -Pode almoçar comigo se quiser.
            -Pode ser.
            -Ok então, combinado,  nos vemos mais tarde na aula. Beijos.
            -Beijos até, te cuida, e não te atrasa viu?
            - Aham pode deixar.
            Chegou à faculdade e foi direto para a sala, o professor já estava lá, o primeiro período passou tranquilamente e Felipe pelo que parecia havia parado com suas indiretas, mas Julia não sabia se ele não estava planejando algo ou tinha mesmo desistido. Quando terminou o primeiro período, pegou seu dinheiro e seu celular descendo ate o bar com Roberta, Rubi não havia mandado mensagem nenhuma então achou que ela poderia ainda estar em sala de aula. Estavam as duas sentadas conversando, quando Julia sentiu uma mão feminina no seu ombro, olhou para cima e viu o olhar angelical de Rubi a encarando.
            -Oi professora, tudo bem?
            -Oi Julia, oi Roberta, como estão?
            -Muito bem. –Disse Julia animada.
            -Julia teria como tu ires ali um pouquinho comigo? Eu preciso ver uma coisa contigo.
            -Ah sim claro Rubi. Beta, já venho.
            -Aham tá bom.
            Julia e Rubi saíram do bar e foram para algum lugar vazio para poderem conversar melhor.
            -Oi Juli! Como foi teu dia?
            -Foi bom Bibi, mas senti tua falta, tu não mandaste sms nem nada.
            -Ah meu anjo, desculpa, o dia foi muito cheio, tive aula para dar o dia todo, só parei para almoçar e já tive que dar aula de novo.
            -Aiii tadinha da minha linda. Quando a gente for pra casa eu te faço uma massagem e cuido de ti tá bem?
            -Aham Ju, obrigada, eu estou precisando mesmo.
            -Eu sei. Amor eu contei pra Beta.
            -Julia, eu não acredito que tu fizeste isso, se ela fala pra alguém eu posso ser demitida.
            -Amor, eu falei do estágio.
            -Ai, que susto, nunca mais faz isso.
            -Desculpa.
            Julia olhou o relógio e viu que faltavam cinco minutos para ir pra aula e se despediu de Rubi. Encontrou Roberta no bar e foram para a sala de aula.
            Ao final da segunda aula da noite, Julia recebeu uma sms de Rubi avisando que a aguardaria no estacionamento.
            Julia sentiu seu coração saltar, pegou o material e foi ao encontro da amada. Chegando lá viu Rubi na frente do carro, fazendo sinal para que se aproximasse.
            Entrou no carro, colocou o cinto de segurança a mochila no chão do mesmo e encostou a cabeça no encosto, fechando os olhos e relaxando. Rubi olhou para ela sorrindo, arrancou o carro e foram embora.
            Vendo que Julia voltou a prestar atenção nela resolveu puxar assunto. 
            -Como foi de aula amor?
            -Chata, o professor André é um idiota, nem sabe dar aula, sabe ele nem sabe falar em inglês direito, isso irrita muito.
            -Sério amor? Pensei que ele fosse mais competente.
            -É eu também, estava apostando tudo nesta disciplina. Mas não quero falar em aula não.
-Ok Ju!
Foram diretamente para a casa de Julia onde jantaram somente um sanduíche e foram deitar, se amaram boa parte da noite e dormiram umas 3h da manhã, Rubi baixou o volume do celular e ajustou o despertador para as 10h, não queria que Julia acordasse cedo, estava planejando uma surpresa para ela.